Como se nada mais importante existisse, deputados querem debater problemas do futebol

Virou circo – Deputados de diferentes partidos decidiram se unir para discutir os problemas do futebol brasileiro e apontar soluções – ainda não foi definido se será criado um grupo de trabalho ou uma frente parlamentar. Da pauta constarão temas como o endividamento dos clubes, a revisão da Lei Pelé (9.615/98), o repasse de recursos das transmissões de TV para os times pequenos, contratos e salários dos atletas.

De acordo com o líder do PTB na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (GO), que coordenou o primeiro encontro, a ideia é apontar iniciativas para alavancar o esporte mais popular do País. “Não podemos continuar a ver, passivamente, o futebol morrer, entregue nas mãos de bandidos que se travestem de torcedores para fazer maldade nas ruas, nos estádios, em nome dos clubes”, afirmou. Na opinião do líder, a Lei Pelé, implementada para dar mais transparência e profissionalismo ao esporte, foi desvirtuada: “o futebol se transformou em um grande nicho de empresários do mundo inteiro, que tomam os jogadores ainda nas categorias de bases, enquanto os times não ficam com nada”.

Ex-goleiro do Grêmio, o deputado Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS) concorda que a atuação dos empresários prejudica os clubes que investem nos jovens atletas. “Com a Lei Pelé, o atleta ficou livre para escolher o que quer, mas não como está hoje em que o jogador fica um ano na equipe e o empresário já o leva para o exterior. Quer dizer, os clubes não têm mais como se sustentar. Às vezes, para se defender, têm de fazer contrato caro com meninos de 17, 18 anos”, explicou.

Timemania

Por sua vez, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) disse que, há algum tempo, já vem discutindo o tema com o Ministério do Esporte, a Confederação Brasileira de Clubes e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Entre as principais medidas sugeridas por ele estão o fortalecimento econômico dos clubes e o incentivo à prática esportiva por meio, por exemplo, da revitalização da Timemania.

“É preciso redirecionar o dinheiro da Timemania para a iniciação esportiva e a formação de atletas. A Caixa Econômica Federal está nos franqueando também um outro produto que é a Loteria Instantânea, que poderia vir a fazer parte dessas iniciativas que buscar atrair mais recursos para o esporte”, declarou.

Cândido ressaltou ainda que o Congresso Nacional deve assumir sua responsabilidade e contribuir com o processo de revitalização do esporte no País.

Falta do que fazer

O Congresso Nacional tem na lista de prioridades outros assuntos de interesse da sociedade, que não a situação atual do futebol brasileiro. A desculpa de que os políticos precisam assumir seus papeis e incentivar o esporte no País é conversa fiada, pois há um ministério incumbido dessa missão. Se o ministro Aldo Rebelo não consegue dar conta do recado, que peça demissão e retorne à Câmara dos Deputados, deixando a vaga para alguém que entenda do assunto.

O futebol é um assunto privado e aos políticos não cabe a prerrogativa da ingerência. É verdade que os clubes de futebol recebem verbas das loterias da Caixa Econômica Federal, mas antes disso ajudam a instituição a ganhar fortunas com o jogo de azar, até porque o esporte bretão não é uma ciência exata.

Com a aproximação da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o que os políticos buscam é a inserção em um tema que dominará o cenário nacional nos próximos quinze meses, assunto que fechará as cortinas faltando algumas semanas para as eleições de 2014. Se no futebol não tem bobos, na política não há inocentes. (Com informações da Agência Câmara)