Premiação do GP da Malásia de Fórmula 1 deveria ter acontecido na delegacia de polícia de Sepang

Chama o ladrão – Os pneus usados pelos carros de Fórmula 1 desgastam com maior facilidade. Isso já ficou provado nos treinos da pré-temporada e nos dois Grandes Prêmios já disputados – Austrália e Malásia. O que para os leigos pode parecer um problema técnico na produção dos pneus tem uma explicação. A Pirelli, única fornecedora de pneus das equipes que disputam o campeonato de 2013, atendeu a um pedido de Bernie Ecclestone, chefão da categoria, que para dar mais competitividade à temporada atual decidiu que a saída seria aumentar o número de paradas nos boxes. E a necessidade de troca de pneus foi a solução.

Como se sabe, o principal combustível dos carros da Fórmula 1 não é a gasolina, mas o vil metal. Assumir o cockpit de um bólido da principal categoria do automobilismo é privilégio de poucos. Além de talento, que todos têm, é preciso ter dinheiro para despejar nas equipes, que sempre buscam aumentar o som da caixa registradora. Os chamados pilotos de ponta não colocam a mão no bolso, mas têm que faça isso por eles. São os patrocinadores.

Nos últimos anos, por falta de competitividade, a Fórmula 1 vem perdendo audiência, o que tem dificultado o trabalho dos organizadores no momento de vender os direitos de transmissão. Com resultados previsíveis desde a primeira disputa da temporada, a Fórmula 1 tornou-se algo desinteressante e pouco animador.

Existisse no circuito da Malásia um Código Penal, pelo menos uma dúzia de cartolas do automobilismo teria conhecido o incômodo de uma algema apertada, pois o que se viu foi um caso de estelionato voando sobre quatro rodas. Piloto da Red Bul Racing (RBR), o australiano Mark Weber viu seu companheiro de equipe, o alemão Sebastian Vettel ultrapassá-lo depois de uma ordem dos boxes para que isso não acontecesse. Por determinação dos dirigentes da RBR, Weber, que liderava a corrida e era perseguido por Vettel, poupava o carro na parte final da corrida. O australiano terminou o GP da Malásia em segundo lugar e o constrangimento subiu ao pódio.

Situação idêntica ocorreu na equipe alemã Mercedes. O piloto Lewis Hamilton só terminou a prova na terceira posição porque os dirigentes da Mercedes disparam uma ordem para que o outro piloto da equipe, Nico Roseberg, não ultrapassasse o companheiro. Hamilton completou o pódio ao lado dos dois pilotos da RBR, mas o constrangimento era tamanho que não foi possível disfarçar. Fosse a Fórmula 1 um negócio sério, o pódio teria sido na delegacia mais próxima do circuito de Sepang.