Público fraco nos jogos do Paulistão mostra que economia está na marca do pênalti

Descendo a ladeira – Desde que chegou ao Brasil, trazido da Inglaterra por Charles Miller, o futebol passou por seguidas transformações, mas funcionou na maior parte do tempo como entretenimento, em especial em regimes políticos que adotam a tese do “pão e circo” para desviar o foco da opinião pública.

Sem ser privilégio da direita ou da esquerda, o futebol como espetáculo foi vendo o público fugir dos estádios pelos mais variados motivos, mas uma das razões é o preço dos ingressos, sempre desproporcionais à média salarial do brasileiro.

A crise econômica brasileira é de tal forma preocupante, que ir ao estádio no final de semana está se tornando uma tarefa inviável para muitos torcedores, especialmente no final do mês, quando o salário já acabou. Se para alguns essa constatação pouco importa, para a maioria é sinal de que o Brasil andou para trás, ao contrário do que indicam as pesquisas encomendadas pelo Palácio do Planalto.

O melhor exemplo dessa crise que chegou às arquibancadas está no boletim da Federação Paulista de Futebol sobre o clássico entre as equipe do Palmeiras e do Santos Futebol Clube. No domingo (24), compareceram ao Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, apenas 11.912 torcedores pagantes, que despejaram nas bilheterias R$ 384.920,00. Isso significa que o preço médio do ingresso para um clássico histórico do futebol brasileiro custou, em média, R$ 31,32.

A situação é idêntica se analisada a partida entre Guarani e Corinthians, disputada em Campinas. Os 6.379 torcedores pagantes que foram ao Estádio Brinco de Ouro para ver um dos clubes da cidade diante do Campeão Mundial de 2012 desembolsaram R$ 212.366,00. Ou seja, o preço médio do ingresso para a partida disputada na importante cidade do interior paulista foi de R$ 33,29.

Essa análise numérico-contábil do futebol no estado de São Paulo, o mais rico estado da federação, mostra de maneira inquestionável que no Brasil do PT – aquele de todos e sem miséria – até mesmo ir ao estádio para acompanhar o clube do coração tornou-se inviável.

Considerando que, de acordo com o IBGE, dois terços da população brasileira recebem menos de dois salários mínimos por mês, quem cometer a sandice de ir ao estádio quatro vezes no período de trinta dias terá comprometido 17% do seu salário, levando-se em conta que cada ida à praça esportiva custa ao menos R$ 50 e tendo como base um ganho mensal de R$ 1,2 mil.

Como os frequentadores do Palácio do Planalto são clientes cativos das metáforas futebolísticas, que revelem a localização desse país cuja economia está sob controle e em recuperação, pois há uma legião de brasileiros querendo fazer as malas.