Os preços na vida real

(*) Carlos Brickmann –

Queda dos preços da cesta básica, provocada pela isenção de impostos federais? Não é bem assim. A advogada Emília Soares de Souza é organizada. Guarda as notas do que compra (e as guarda por muito tempo). Na época em que exerceu o jornalismo, com grande competência, aprendeu muito com o lendário Aloísio Biondi: a função do repórter é desconfiar das fontes e buscar a informação onde quer que ela esteja. E pessoalmente, testemunhando em vez de só ouvir.

Emília Soares de Souza decidiu comparar os preços de hoje e os constantes de duas antigas notas fiscais de supermercado, de 11 de maio de 2003 – pouco depois do início do Governo Lula. A pesquisa foi feita no mesmo supermercado:

– Feijão carioquinha, quilo: passou de R$ 3,09 para R$ 5,99
– Farinha de trigo, quilo: de R$ 2,99 para R$ 3,65
– Leite condensado, lata: de R$ 1,39 para R$ 3,59
– Detergente Ypê, frasco: de R$ 0,77 para R$ 1,15
– Toddy, 400 g: de R$ 2,84 para R$ 9,82
– Açúcar União, quilo: de R$ 1,19 para R$ 2,19
– Café do Ponto, quilo: de R$ 3,14 para R$ 8,89
– Manteiga Batavo, tablete: de $ 2,89 para R$ 4,89
– Queijo Petit Suisse Pauli: de R$ 1,98 para R$ 3,69
– Biscoito waffer de chocolate Bauducco, um pacote: de R$ 1,52 para R$ 2,13

Desoneração fiscal, ótimo. Mas é melhor ainda controlar a inflação.

Os direitos da mulher

1 – a nova presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, mal tomou posse e assinou decreto proibindo o uso de minissaias, para “coibir a superexploração do corpo”. A Polícia pode abordar quem use minissaia e multá-la em quantia equivalente a R$ 90. Park Geun-hye é a primeira mulher eleita para a presidência.

2 – Amina, tunisiana de 19 anos, do grupo Femen, postou na Internet sua foto com os seios nus, em defesa dos direitos femininos. “Meu corpo me pertence e não representa a honra de ninguém”, diz. Um líder muçulmano, Adel Almi, condenou-a à morte por apedrejamento. A sentença tem valor legal na Tunísia.

Silêncio de ouro

1 – Do chanceler Antônio Patriota, explicando por que a comitiva brasileira à coroação do papa ocupou meia centena de apartamentos em hotéis de luxo, em vez de usar a magnífica Embaixada brasileira: o novo embaixador ainda não ocupou o cargo. Dúvida: será que só o embaixador tem a chave da porta?

2 – de Dilma, sobre o papa: “É um papa muito normal”. Não perguntem quantos papas conheceu para saber se este é normal. A presidente é assim mesmo.

A Ecovias responde

Em resposta à nota sobre o congestionamento do porto de Santos, a Ecovias diz que os congestionamentos na rodovia Cônego Domênico Rangoni não estão relacionados à falta de capacidade na rodovia ou à falta de atuação da concessionária.

“Eles são gerados por falta de infraestrutura nas vias urbanas e em alguns terminais portuários, que não estão conseguindo absorver a demanda. Hoje, o único acesso dos caminhões para os terminais da margem esquerda do Porto de Santos é a rua Idalino Pinês (mais conhecida como rua do Adubo), que opera em mão dupla e tem um semáforo em quatro tempos, represando o tráfego de caminhões e levando as filas para a rodovia. A rodovia comporta bem 3 mil veículos por hora em cada sentido; no entanto, a via urbana que dá acesso ao Porto não tem a mesma capacidade. Para minimizar os transtornos aos seus usuários, a concessionária aumentou o efetivo que atende àquela região e vem realizando operações em conjunto com a Polícia Militar Rodoviária, procurando sinalizar os pontos de congestionamento e orientar os caminhoneiros a não ocupar as duas faixas da rodovia. A Ecovias também informa os usuários sobre os pontos de lentidão em todos os seus meios de comunicação – painéis de mensagem, gravação 0800, site, Twitter e imprensa. Além disso, tem mantido diálogo com a Codesp, prefeitura e com os terminais, colocando-se à disposição para auxiliar as autoridades competentes e empresas envolvidas em busca de uma solução. No entanto, nenhum trabalho será suficiente se os caminhões não tiverem vias urbanas suficientes para acessar os terminais. Da mesma forma, é essencial que os terminais se organizem de forma a implantar pontos de apoio, onde os veículos possam aguardar fora da rodovia, e/ou estabeleçam programações para que os caminhões venham de forma cadenciada, de acordo com a capacidade de liberação de cada terminal. O próprio Ministério Público já entrou com ação contra alguns terminais, procurando fazer com que cumpram determinações de agendamento para evitar transtornos para os demais usuários.”

Caminho certo

A Justiça Federal determinou o confisco de bens do bicheiro Carlinhos Cachoeira e de alguns de seus cúmplices, no valor de R$ 100 milhões. O objetivo é reduzir o prejuízo causado aos cofres públicos pela ação da quadrilha. Cachoeira e mais sete foram condenados por crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, violação de sigilo funcional, advocacia administrativa e furto.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.