Olho do furacão – A Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados realizará na próxima quarta-feira (27) audiência pública para ouvir o vice-presidente da Unilever Brasil, Newman Debs, sobre as providências que foram adotadas pela empresa com relação às denúncias da presença de substâncias tóxicas em embalagens de sucos de soja da marca Ades.
Neste mês, um jovem de sete anos foi submetido a exames no Instituto de Polícia Científica (IPC) de João Pessoa (PB), após sua mãe prestar queixa afirmando que ele teria sofrido queimaduras na boca em seguida à ingestão do suco de maçã da marca Ades.
A Unilever informou que a contaminação com a solução de limpeza foi detectada no lote com as iniciais AGB 25, fabricado em 25 de fevereiro. A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) já determinou, de forma preventiva, a suspensão da fabricação, distribuição e venda de todos os lotes de produtos Ades fabricados em uma das linhas da Unilever em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde o lote do suco de maçã foi contaminado por soda cáustica.
“A situação nos parece mais grave do que informado pela multinacional”, diz o deputado Francisco das Chagas (PT-SP), autor do requerimento para a realização da audiência. “Nós precisamos ter as respostas adequadas tanto da Unilever, como da Anvisa e do Procon local.”
Em outubro de 2012, a imagem de um fungo encontrado por um casal dentro de uma embalagem de Ades foi postada no Facebook e recebeu milhares de compartilhamentos. Usuários da rede social também publicaram críticas, reclamações e reproduções da foto na página oficial da Unilever Brasil – fabricante da bebida de soja.
Além do vice-presidente da Unilever, foram convidados para a audiência o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Brás Aparecido Barbano, e a secretária nacional do Consumidor, Juliana Pereira da Silva.
Muita atenção
A política brasileira, como se sabe, é embalada pelo oportunismo da maioria dos seus operadores. É preciso estar atento ao resultado da audiência e aos seus desdobramentos, pois o assunto pode cair no esquecimento, principalmente porque estamos na semana da Páscoa e feriados prolongados agem como borracha na consciência dos cidadãos.
Muitos são os assuntos que já foram alvo de audiências públicas e discursos inflamados no Congresso Nacional, mas nada foi decidido em prol da população. Um desses assuntos é a insegurança pública que reina em todas as cidades do País. Basta algum episódio mais ousado e fora do script para que o parlamento seja tomado por encenações de políticos experimentados.
Não obstante, não custa lembrar que política é negócio e o sepultamento de uma investigação mais aprofundada é questão de tempo e boa vontade entre as partes. Que os brasileiros não pensem que a participação do vice-presidente da Unilever significa uma investigação isenta e independente. Pelas Comissões permanentes do Congresso já passaram altos executivos de empresas multinacionais e banqueiros, mas tudo acabou em uma mal cheirosa e muito bem paga pizza. (Com informações da Agência Câmara)