Papa quebra tradição e inclui mulheres e muçulmanos em ritual de Quinta-Feira Santa

Fora do script – O papa Francisco quebrou mais protocolos e, nesta quinta-feira (28/03), lavou e beijou os pés de 12 internos – entre eles duas mulheres e dois muçulmanos – em uma prisão juvenil de Roma. O gesto foi uma versão sem precedentes de uma prática ancestral dos pontífices durante a Semana Santa e reflete os esforços da Igreja para se aproximar dos fiéis.

Até então, os antecessores do ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio tinham o costume marcar o fim da quaresma na Basílica de São João de Latrão lavando os pés apenas de sacerdotes. A tradicional cerimônia era limitada aos homens, já que todos os apóstolos de Jesus eram homens.

Como ex-arcebispo de Buenos Aires, na Argentina, Bergoglio já havia incluído mulheres neste rito e tinha o costume de celebrar o ritual, conhecido como lava-pés, em prisões, hospitais ou hospícios – parte do seu ministério para os mais pobres e marginalizados.

Ao levar a cerimônia para uma prisão juvenil, o Papa – eleito há apenas duas semanas – afirmou que queria estar mais perto daqueles que estavam sofrendo. Em uma homilia breve e improvisada, Francisco disse aos jovens reclusos que todos, inclusive ele, devem estar a serviço dos outros.

“É o exemplo do Senhor. Ele foi o mais importante, mas ele lavou os pés dos outros. O mais importante é estar a serviço dos outros”, disse. No total, o Pontífice se encontrou no centro prisional com 46 jovens – muitos deles ciganos ou imigrantes norte-africanos.

Pelo fato de os reclusos terem entre 14 e 21 anos e de grande parte deles ser menor de idade, o Vaticano e o Ministério de Justiça italiano limitaram o acesso da imprensa às dependências do centro de detenção.

Nova postura

O reverendo James Martin, padre jesuíta e autor do livro O Guia do jesuíta, disse que o ato de Francisco ao lavar pés de mulheres tem grande significado “A inclusão de mulheres nessa parte da celebração da Missa da Quinta-feira Santa era vista com maus olhos – e até mesmo banida – de algumas dioceses”, afirmou.

Após a missa, o Papa cumprimentou os presos e deu um ovo de Páscoa para cada um deles. “Não perca a esperança”, disse. “Entende? Com esperança você pode sempre ir em frente.”

Mais cedo, em missa no Vaticano na manhã desta quinta-feira, Francisco pediu que os padres católicos se dediquem a ajudar os pobres e sofrer em vez de se preocupar em fazer carreira como “gerentes” da Igreja Católica. (Com informações do DW)