Olho no lance – O futebol, como qualquer esporte, pode levar ao desespero os seus torcedores mais fanáticos. Um dos piores episódios para os torcedores ingleses foi o da “mão de Deus” de Maradona, o gol de mão marcado pelo craque argentino contra a Inglaterra, nas quartas de final na copa de 1986.
No mundial de 2010, um gol legítimo do inglês Frank Lampard contra a Alemanha não foi validado porque o árbitro não viu que a bola havia entrado no gol.
Agora, a entidade maior do futebol espera garantir mais justiça nos resultados das partidas, ao lançar mão da chamada tecnologia da linha do gol (TLG).
Já em fevereiro a FIFA havia confirmado que utilizaria essa tecnologia na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Nesta terça-feira (02/04), escolheu a empresa alemã GoalControl para a implantação do sistema pioneiro. Os testes serão feitos na Copa das Confederações, que será disputada em junho deste ano no Brasil. Se o sistema for aprovado, será usado também na Copa do Mundo de 2014.
O ex-jogador alemão Torben Hoffmann elogia a decisão do órgão máximo do futebol. “Ao final das contas, muito depende do futebol, há muitos investimentos envolvidos.”
O “esporte das multidões” também é um grande negócio. Não se trata apenas dos jogadores que viram celebridades e ganham muito dinheiro, mas também dos patrocinadores que injetam imensas quantias na esperança de divulgar suas marcas para milhões de torcedores em todo o mundo. Só as 20 equipes da Premier League, da Inglaterra, já vale bilhões de dólares.
Futebol em 3D
A FIFA havia licenciado quatro tecnologias para a linha do gol: a inglesa Hawk-Eye e as alemãs Cairos Technologies, GoalRef e GoalControl, que saiu vencedora da concorrência.
O sistema da GoalControl utiliza 14 câmeras – sete para cada gol – montadas sob a cobertura do estádio. Um software especial cria imagens de 3D da posição da bola em relação ao gol.
Dirk Broichhausen, diretor administrativo da GoalControl, explica que, quando a bola ultrapassa a linha do gol, o sistema envia um sinal ao relógio do árbitro em apenas um segundo.
As 14 câmeras produzem 500 quadros por segundo – o que significa 2 gigabytes de dados – transmitidos a 15 computadores através de cabos de fibra ótica.
Mas, em última instância, a decisão de validar ou não o gol caberá ao árbitro. A tecnologia serve apenas como uma ferramenta para auxiliar os juízes da partida.
Outros sistemas, como o inglês Hawk-Eye, já encontraram espaço em outros esportes, como o tênis, no qual já é utilizado desde 2005. Com diversas câmeras espalhadas pela arena, o sistema fornece imagens de vários ângulos, recriando a trajetória da bola.
Limites do uso da tecnologia
A questão é se a tecnologia da linha do gol pode fazer pelo futebol o mesmo que o Hawk-Eye fez pelo tênis.
Desde 2005 é permitido aos tenistas levantar o braço durante a partida quando não concordam com a marcação do juiz, solicitando assim o uso do Hawk-Eye. Se o questionamento for correto, o ponto pode ser concedido ao jogador ou a jogada é reiniciada.
Hoffmann duvida que esse tipo de questionamento por parte dos jogadores possa dar certo no futebol. “Deve-se estabelecer um limite. Eu gostaria de ver a tecnologia da linha do gol utilizada apenas como um auxílio.”
Mesmo com o sinal chegando ao árbitro um segundo após o gol ser marcado, ainda existirá a possibilidade de os árbitros protagonizarem lances polêmicos. Mas a tecnologia chegou para ficar.
A Premier League implementará a tecnologia da linha do gol ainda este ano, permitindo que os torcedores de todo o mundo vejam como o sistema funciona na prática.
Se o esporte se tornará de fato mais justo, é outra questão. (Do Deutsche Welle)