Lorezoni quer explicações sobre laticínio que tomou R$ 700 milhões do BNDES e fechou as portas

Leite derramado – O deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS) protocolou, na quarta-feira (3), na Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados, requerimento solicitando a realização de audiência pública para discutir o fechamento de unidades da Lácteos Brasil (LBR), uma das principais empresas de laticínios do Brasil.

A LBR resultou da fusão entre as marcas Bom Gosto e LeitBom, em 2010, quando tomou R$ 700 milhões emprestados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se reestruturar, o que torna o banco público um dos principais credores da empresa. A empresa, que se encontra em processo de recuperação judicial, teria dívidas que ultrapassam R$ 1,15 bilhão, sendo que desse total, aproximadamente R$ 12,5 milhões são em direitos trabalhistas, além de valores não apurados junto a 56 mil produtores de leite, fornecedores da empresa.

A empresa anunciou na última segunda-feira (1º) o fechamento de unidades de produção e beneficiamento e a demissão de trabalhadores nos municípios de Gaurama, Tapejara e Fazenda Vilanova, – no Rio Grande do Sul -, São José do Cedro, – em Santa Catarina – e de Muriaé, do Rio de Janeiro. Só no Rio Grande do Sul foram demitidos 300 funcionários, e o número poderá passar de mil, de acordo com informações da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do estado (FTIA/RS).

“Quando anunciou em fevereiro deste ano que se encontrava em recuperação judicial, a empresa se comprometeu que pagaria em dia funcionários e fornecedores, mas não é que o que se vê. Além das demissões, existem milhares de pequenos produtores de leite, fornecedores da empresa, que até agora não receberam pelo seu produto. A LBR recebeu mais de R$ 700 milhões do BNDES, deve mais de R$ 1 bilhão e parece agora querer socializar o prejuízo. Isso não pode ficar assim”, afirma Lorenzoni.

No requerimento, o deputado democrata justifica o pedido de audiência pública em razão da gravidade da situação e seus reflexos num setor que já enfrenta inúmeras dificuldades. Deverão ser convidados a comparecer perante a Comissão de Agricultura representantes da empresa, lideranças sindicais e dos produtores, bem como do BNDES.