Arapongas em Suape: PPS pede convocação de Gleisi Hoffmann e do ministro do GSI

Velhos tempos – O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), e o deputado federal Almeida Lima (PPS-SE) protocolaram, nesta quinta-feira (4), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, requerimento (REQ-229/2013) pedindo a convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito Carvalho Siqueira, e do diretor-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, para que expliquem os motivos que levaram o governo do PT a montar um esquema de monitoramento, com a infiltração de agentes da Abin no Porto de Suape, em Pernambuco, para vigiar movimentações sindicais e políticas.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, o setor de inteligência do Palácio do Planalto tinha como alvo, além de sindicalistas, as ações do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) em defesa do porto. Campos é possível candidato à Presidência da República. “Depois de a presidente Dilma declarar que em eleição pode se fazer o diabo, temos que tomar todo o cuidado com o uso do aparato de inteligência do Estado. É óbvio que o governo precisa saber o que está acontecendo no país, mas é necessário debater quais os limites para isso. Temos que estar seguros de que essa movimentação em Pernambuco não tem como pano de fundo interesses ligados às eleições de 2014. Por isso é necessário que os ministros e o chefe da Abin venham à Câmara o mais rápido possível para explicar toda essa situação”, ponderou o líder do PPS.

Na reportagem desta quinta-feira, o Estado de S. Paulo afirma que o setor de inteligência do governo apurou que trabalhadores que se uniram a Eduardo Campos contra a Medida Provisória dos Portos podem decretar greve geral. O governador pernambucano lidera o movimento opositor à MP, que retira a autonomia dos estados de licitar novos terminais de carga.

A operação classificada como “Gerenciamento de Risco” foi desencadeada no Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e tem como foco justamente essa possível greve geral. Segundo o Estado de S. Paulo, “a ação envolve uma equipe de infiltrados no Porto de Suape e a produção de relatórios de inteligência repassados ao general José Elito Carvalho Siqueira, que tem a atribuição de compartilhar informações “sensíveis” com a Presidência da República. A prioridade dada ao caso repercutiu na rotina do trabalho da Abin e os agentes envolvidos passaram a ocupar uma sala separada na agência de inteligência”.

Por meio de nota divulgada no começo da tarde desta quinta-feira, a Presidência da República divulgou nota (confira ao final da matéria) desmentindo e repudiando o conteúdo da reportagem do Estadão.

É importante destacar que o serviço de inteligência do governo não apenas monitora essas eventuais movimentações sindicais e políticas, como também os passos dos adversários, em especial jornalistas, que constantemente estão com os telefones e as contas de e-mail grampeadas.

Não custa lembrar que por ocasião da disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2004, o editor do ucho.info foi monitorado e grampeado, sendo que uma de suas conversas telefônicas acabou nas mãos de integrantes do politburo do governo, cujo um dos chefões determinou que o interlocutor nos repassasse uma ameaça de morte.

Nota à imprensa

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República repudia veementemente matéria publicada hoje no Estado de S.Paulo insinuando que o governo faça vigilância sobre movimentos sindicais dos portuários no estado de Pernambuco.

É mentirosa a afirmação de que o GSI/Abin tenha montado qualquer operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape ou em qualquer outra instituição do país. O GSI lamenta ainda a utilização política do tema, questionando a quem interessa tal tipo de interpretação neste momento.

Todo o trabalho do GSI e da Abin está amparado pelas Leis 9.883, de 1999, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência e a Abin como seu órgão central, e 10.683, de 2003, que estabelece ser do GSI a coordenação da inteligência federal. Sua atuação vem se pautando por uma ação institucional e padronizada, como ocorre em todos os sistemas democráticos.

Em nenhum momento o governo determinou ao GSI/Abin qualquer ação relativa ao tema referido na irresponsável reportagem do jornal.

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República”