Quanta estupidez – Antes de a FIFA escolher a cidade brasileira que abrigará temporariamente a sede da entidade durante a Copa de 2014, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), abusou da bazófia e, apontando para a baía da Guanabara, disparou: “Chinelada na paulistada. É humilhante… Mostro a vista e mostro um negócio desses. Vai levar o que pra São Paulo?”. Como se um pedaço de mar representasse algum tipo de garantia.
Eduardo Paes é dono de discurso escorregadio e esbanja habilidade para escapar de situações difíceis e constrangedoras, mas é preciso que o prefeito carioca saiba que há no País pessoas que com massa cinzenta e memória. O problema não é a Cidade Maravilhosa, mas o Brasil, como um todo, que continua sem condições de sediar um evento de tamanha magnitude e complexidade. Ao anunciar que o Brasil seria a sede da Copa de 2014, a FIFA cometeu um equívoco e o governo brasileiro agiu com irresponsabilidade ao aceitar a missão para a qual se candidatou. Qualquer governante responsável teria desistido do que pode ser o maior vexame da história nacional.
Em apenas uma semana, a capital fluminense foi palco de três ações criminosas contra turistas estrangeiros, o que faz com que a imagem do Brasil fique ainda mais arranhada no exterior. Deixando de lado os crimes cometidos contra os turistas, bombeiros enfrentaram dificuldades no recente combate a incêndio na região de comércio popular do Rio conhecida como Saara. Os hidrantes próximos ao local do incêndio estavam secos. Semanas antes, um casal morreu durante incêndio em apartamento na Zona Sul da capital fluminense por causa da demora dos bombeiros.
Com a proximidade de eventos grandiosos (Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos) as autoridades começam a se preocupar com as questões relacionadas à segurança pública. Isso acontece depois que jornais estrangeiros deram destaque ao caso da turista que foi estuprada dentro de uma van, enquanto o namorado era agredido por marginais que se revezavam na condução do veículo.
O que as autoridades do Rio de Janeiro fazem ao anunciar medidas de combate ao crime é o mesmo que colocar a tranca na porta depois de a casa ter sido arrombada. Antes disso, esbofeteiam a dignidade da população que continua pagando impostos e só verá uma melhora na segurança pública por causa dos tais eventos. Não fossem essas competições, o faroeste tropical e a céu aberto continuaria. Esse discurso preparado e conhecido das autoridades da segurança pública não mais convence.
A delegada Marta Rocha, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, fez questão de exaltar a rapidez dos policiais que solucionaram os casos em 72 horas. A delegada provavelmente esqueceu que a obrigação do Estado é proteger a sociedade e evitar que crimes ocorram. A prisão dos bandidos é o mínimo que se pode esperar. A chave desse enigma está no fato de que o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) é gazeteiro e péssimo no cumprimento de promessas.