Ditadura: Câmara dos Deputados aprova audiência para ouvir presidente da CBF

Soltando a voz – A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (10), a realização de audiência pública para debater as relações do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, com os órgãos de repressão do regime militar. Além do cartola, também serão ouvidos, a pedido do líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, e o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Nemer Damous Filho.

Ao defender o requerimento de audiência pública, Bueno argumentou que nas últimas semanas a imprensa vem divulgando uma série de reportagens sobre a ligação do presidente da CBF com órgãos repressores da ditadura, responsáveis pela prisão, tortura e até morte de opositores ao regime militar. “Ninguém aqui está fazendo prejulgamento. Porém, precisamos esclarecer esse caso que pode manchar a imagem do Brasil às vésperas da Copa do Mundo”, disse Rubens Bueno.

Ivo Herzog, o filho do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar em 1975, tem afirmado à imprensa que Marin teria contribuído para a perseguição dos órgãos de repressão contra seu pai. Aponta, entre outros fatos, que 16 dias antes de morrer, Vladimir Herzog fora criticado por Marin em um discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo – o presidente da CBF era, na época, deputado pela Arena. Ivo lidera, junto com o deputado Romário (PSB-RJ), que preside a Comissão de Turismo e Deporto da Câmara, campanha pública para a destituição do cartola do comando do futebol brasileiro e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.

Rubens Bueno reforçou que Marin, por exercer papel de relevância nas competições esportivas internacionais que o Brasil sediará nos próximos anos, precisa apresentar sua versão dos fatos. A data da audiência ainda será marcada.