Tudo errado – A economia brasileira está desmontando, a inflação dando um baile nos palacianos, o poder de compra dos cidadãos despencando diariamente, os nordestinos morrendo de sede, a produção agrícola tropeçando no gargalo da infraestrutura, o Rosegate caiu no esquecimento, a roubalheira continua no governo, mas há quem arrume tempo para ir até a Câmara dos Deputados para protestar contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) e transformar em baderna as sessões da Comissão de Direitos Humanos e Minoria (CDHM).
O ucho.info volta a afirmar que Marco Feliciano foi eleito deputado democraticamente e chegou à presidente da CDHM respeitando o regimento da Câmara e com o apoio de todos os partidos políticos, inclusive dos que ora patrocinam esses protestos, que se transformaram em oportunidade político-eleitoral para alguns alarifes que já miram a reeleição. O que não significa que sua presença no comando do colegiado é conveniente.
A Constituição Federal é clara ao estabelecer que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” e por isso não se deve criar exceções à regra. A questão da orientação sexual é o meso do que procurar pelo de rato em ovo de avestruz. Os seres humanos precisam ser encarados por sua essência, não pela cor da pele, pela fé ou pela opção sexual.
Como se o trabalho e a responsabilidade diária fossem assuntos reles, essa minoria baderneira tenta implantar no País um mecanismo perigoso que colocará em risco a democracia, caso seja assimilada Legislativo. Uma sociedade democrática vive sob o manto do seu conjunto legal e da Constituição, não podendo qualquer grupo social patrocinar um movimento ditatorial que funciona como um pé de cabra para atender o desejo obtuso de alguns.
O Supremo Tribunal Federal reconhece a união estável entre pessoas do mesmo sexo e existem no País leis que punem os que cometem o crime de discriminação. O que mais é preciso para que o Brasil retome sua suposta normalidade?
O PT apoiou a eleição de Marco Feliciano à presidência da CDHM e gora quer posar de reduto da moralidade. Se essa é a regra vigente, que a faxina seja completa no Congresso Nacional. Provavelmente, os que escaparem dessa eventual assepsia precisarão no máximo de uma sala para reuniões. Que os parlamentares não comecem com falso moralismo, pois no momento em que as gavetas forem abertas a lama subirá à mesa.
Se aquele que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser homofóbico, como querem os que ora protestam, que esses façam uma gritaria debaixo da janela da casa da mãe de Daniela Mercury, que se mostrou contrária à recente decisão da filha. De igual modo, que façam uma arruaça na frente do prédio onde mora o ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, que certa vez afirmou que a cidade gaúcha de Pelotas é exportadora de “viados”.
Marco Feliciano age corretamente quando suspende as sessões por causa dos protestos promovidos por evangélicos e defensores das causas homossexuais. O Brasil tem assuntos mais sérios e prementes na pauta das discussões, mas essa cansativa fumaça tem servido para camuflar a decisão do Ministério Público Federal de investigar o envolvimento de Lula no escândalo do Mensalão do PT. A preocupação na cúpula do partido é grande, pois há conexões entre muitos dos escândalos que marcaram a passagem do ex-metalúrgico pelo Palácio do Planalto.