Sem noção – Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, o petista Fernando Haddad deveria saber que pela importância do cargo o seu ocupante deve evitar determinados comentários. Ainda sem mostrar a que veio, pois a população paulistana ainda aguarda a sua posse de fato, Haddad aproveitou a decisão da Justiça das Ilhas Jersey, que indeferiu recursos apresentados pela família de Paulo Salim Maluf, para fazer comentários sobre o tema.
A Justiça do paraíso fiscal determinou que a prefeitura de São Paulo já pode cobrar de Maluf a devolução do equivalente a R$ 56 milhões, dinheiro desviado das obras de construção da Avenida Águas Espraiadas (atual Avenida Jornalista Roberto Marinho).
Em entrevista à rádio Estadão, Fernando Haddad disse que com esse dinheiro é possível construir pelo menos vinte creches. “Não tem a ver com valor, tem a ver com Justiça. Hoje você tem que tomar procedimentos todo dia para coibir qualquer tipo de abuso. Não estou aqui para julgar ninguém. Estou aqui para usar o recurso público em benefício do público”, disse Haddad, como se o governo do então presidente Lula, do qual ele próprio fez parte, tenha sido um exemplo de lisura e transparência.
Fernando Haddad tem o direito de falar o que quiser, pois afinal o Brasil ainda é uma democracia, mas é preciso ter estofo para fazer determinadas declarações e até mesmo balbuciar chistes políticos. O que o alcaide paulistano fez foi pegar carona política na decisão do Tribunal das Ilhas Jersey, como se ele não tivesse qualquer conexão com Paulo Maluf.
Ao lado de Lula, o agora prefeito Haddad se deixou fotografar ao lado do deputado federal Paulo Maluf (PP), quando foi à casa do parlamentar para negociar apoio à sua campanha. E é bom lembrar que esse apoio não saiu de graça. De chofre Maluf indicou pessoa de sua confiança para um cargo no Ministério das Cidades, controlado pelo PP, e depois abocanhou o setor de habitação da prefeitura paulistana.
Em outras palavras, Fernando Haddad teria sido mais feliz se ficasse calado, até porque política não é ofício para amadores e São Paulo não precisa de um fantoche que cumpra ordens à distância.