Sob pressão, Copom aumenta a Selic; presidente da Fiesp classifica decisão como “equivocada”

Rampa acima – A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar em 0,25 p.p. a taxa básica de juro já era esperada pelo mercado financeiro e retrata a ingerência do Palácio do Planalto na instituição. Mesmo diante da necessidade da alta da Selic, que passou para 7,5% ao ano, a notícia desagradou à indústria.

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a poderosa Fiesp, Paulo Skaf classificou como “equivocada” a decisão do Copom. “Da mesma forma que ninguém quer o aumento da inflação, o Brasil não precisa de aumento de juros, mas de aumento de produção”, disse afirmou Skaf em mensagem enviada ao ucho.info.

Em 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de apenas 0,9%, com o setor industrial registrando queda de 2,5%. Os dados de 2013 não apontam para uma retomada do crescimento. Ao contrário, o indicador IBC-BR de fevereiro indicou queda de 0,5%.

Em um ambiente de incontestável letargia econômica, instalou-se um falso debate de juro versus inflação. “O Brasil não pode abrir mão do controle da inflação, mas devemos superar a política econômica do uso exclusivo da taxa de juros. A nova política econômica deve ousar no sentido de aumentar os investimentos públicos, controlar os gastos de custeio, criar um ambiente favorável ao investimento privado e, de forma corajosa, finalizar as reformas que promovam a desindexação da nossa economia”, afirmou Paulo Skaf.

Em 2013, os gastos federais em custeio, excluídos os referentes ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, apresentam crescimento real de 20%, enquanto os investimentos caem 1%. “Claramente, aqueles que neste momento e com essa conjuntura econômica buscam restringir o debate à taxa de juros estão defendendo seus próprios interesses e não o desenvolvimento do Brasil”, concluiu Skaf.

A alta da Selic é mais uma medida pontual e paliativa adotada por um governo inoperante que atropela a independência do Banco Central. A crise econômica nacional, que é impulsionada pela inflação, só será solucionada com reformas estruturais e definitivas na economia, como um todo, e o combate ao processo inflacionário. Enquanto os palacianos não enxergarem o óbvio e adotarem medidas impopulares, o Brasil continuará andando de lado em termos econômicos. Ou seja, será o emergente que submerge.