Em Brasília mensaleiros tentam a todo custo escapar da cadeia, no RS adulteradores de leite são presos

Triste realidade – O Brasil sofre um preocupante apagão legal, que transforma a cidadania em refém da impunidade e da corrupção. Com os donos do poder dando os piores exemplos, a sociedade se vê no direito de repetir o comportamento transgressor daqueles que deveriam zelar pela legalidade.

Correndo o sério risco de enfrentar um monumental escárnio jurídico, o País vê nos desdobramentos do julgamento do Mensalão do PT a senha para o desmonte do pouco que restou da moralidade. Pirotécnicos e repletos de filigranas, recursos de todos os matizes aterrissaram no Supremo Tribunal Federal na tentativa de vestir quadrilheiros incontestes com a fantasia de querubins injustiçados.

Qualquer pequena alteração nas sentenças condenatórias pronunciadas à luz da Ação Penal 470 permitirá que os protagonistas do maior escândalo de corrupção da história nacional atropelem o Estado Democrático de Direito e aviltem sobremaneira uma sociedade cada vez mais indignada, reduzindo penas e migrando para regimes mais brandos de cumprimento das mesmas.

No rastro de um projeto de poder totalitarista, o Partido dos Trabalhadores tem sistematicamente alterado o conceito do que é legal e permitido, impondo ao Brasil um cenário repleto de transgressores impunes.

No contraponto, enquanto os mensaleiros tentam se safar das penalidades impostas pelo STF, o Ministério Público gaúcho deflagrou, nesta quarta-feira (8), operação para prender acusados de adulteração de leite.

Não se trata de qualificar os delitos por ordem de gravidade, até porque no Direito Penal não há concorrência de crimes, mas é preciso questionar os operadores do Judiciário sobre o que é pior à sociedade. A quadrilha do Mensalão do PT ou grupo que resolveu testar o milagre da multiplicação no leite.

Na verdade, em nenhum dos casos os acusados poderiam estar livres e impunes, mas no Brasil a força do dinheiro e a aproximação com o poder falam mais alto. E essa indesejável reverberação sonora prevalecerá até que a sociedade se liberte da mudez consentida.