Câmara não conclui votação da MP dos Portos e apagão logístico continua refém de negociatas

Faroeste político – Depois de quase dezoito horas de muita discussão e trabalho ininterrupto, o presidente da Câmara dos Deputados interrompeu, às 4h55 desta quarta-feira (15), a votação da Medida Provisória 595, que prevê a modernização dos portos brasileiros, mas não resolve o apagão logístico que afeta o País.

O texto principal da MP dos Portos foi aprovado depois de seguidas quedas de braços entre parlamentares que se revezavam no plenário da Câmara debaixo das mais diversas teorias, mas a não conclusão da votação coloca em risco a Medida Provisória, cuja validade legal termina na quinta-feira (16). A única vitória do Palácio do Planalto foi a derrubada da Emenda 4, que de forma matreira beneficiava alguns empresários que já atuam no setor portuário.

As trocas de acusações em plenário foram muitas, mas prevaleceu o que antecipou o ucho.info sem mencionar nomes, uma vez que a Justiça do Rio de Janeiro nos proíbe de fazê-lo sob pena de multa diária no valor de R$ 5 mil. Nos acalorados discursos acusatórios que ganharam a noite e a madrugada, o nome mais citado foi o do banqueiro oportunista preso na Operação Satiagraha, cujo nome não podemos mencionar por causa da arbitrária imposição do Judiciário.

A questão dos portos é antiga e passa por uma costura bisonha nos bastidores do poder. A emenda que ganhou o viés de polêmica maior da MP favorecia pessoas próximas ao Palácio do Planalto, algumas das quais financiadoras de campanhas eleitorais, abastecedoras do caixa do Mensalão do PT e sócias de proeminentes figuras da República.

O entrevero que se formou nos últimos dias tem como pano de fundo a eleição presidencial de 2014, pois autoridades que pilotaram a manobra nas coxias da MP dos Portos não querem perder seus quinhões negociais e já trabalham para captar recursos para as campanhas do próximo ano.

Sem tempo hábil de ser votada no Senado Federal até o apagar das luzes de quinta-feira, a Medida Provisória deve caducar e obrigar a presidente Dilma Rousseff a buscar uma saída para solucionar o impasse que compromete o futuro da logística no País. Enquanto isso não acontece, os brasileiros devem estar atentos aos desdobramentos sórdidos da derrota que o governo do PT começa a digerir. O jogo será bruto e rasteiro nas entranhas do poder.