Declaração de Joaquim Barbosa sobre partidos políticos foi tradução de dura e conhecida realidade

Acertando a mosca – Presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) classificou como deselegante a atitude do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, que afirmou, durante palestra a estudantes, que o Executivo manda no Congresso Nacional e que os partidos políticos são de “mentirinha”.

O presidente do Supremo não manda recados e muito menos evita externar seu pensamento, mas é preciso reconhecer que, apesar da crise entre os Poderes, Barbosa limitou-se a traduzir a verdade que muitos já sabem.

Quem conhece com certa intimidade os bastidores da política brasileira não tem como discordar da declaração do ministro Joaquim Barbosa. No que se refere à submissão do Congresso ao Palácio do Planalto, isso ficou claro e evidente, mais uma vez, na votação da Medida Provisória 595, a polêmica MP dos Portos. Não há como condenar o chefe do Judiciário diante de uma base aliada que reúne na Câmara 423 deputados. E isso não acontece por ideologia política ou patriotismo, mas por mero escambo, o que faz do Legislativo um clube privado de negócios.

No tocante à afirmação de que os partidos políticos são de “mentirinha”, Joaquim Barbosa foi duro, mas em nenhum momento faltou com a verdade. Retomamos a realidade dos bastidores para ratificar a declaração do ministro.

Qualquer candidato a deputado federal filiado a um partido mediano do Nordeste precisa pelo menos R$ 6 milhões para se eleger, dinheiro que é gasto em três meses de campanha. No contraponto, depois de eleito, o outrora candidato receberá, ao longo de quatro anos de mandato, perto de R$ 2 milhões de salários e algumas benesses financeiras que engordam os proventos mensais. Como a conta não fecha e no Brasil inexistem almas caridosas na política, os partidos de fato são de “mentirinha”.

Em outro vértice da polêmica também é possível constatar a veracidade da declaração do ministro Joaquim Barbosa. Os jornalistas que há anos cobrem o cotidiano do Congresso sabem como funciona o desenrolar da política verde-loura.

Em outro vértice da polêmica também é possível constatar a veracidade da declaração do ministro Joaquim Barbosa. Os jornalistas que há anos cobrem o cotidiano do Congresso sabem como funciona o desenrolar da política verde-loura. O editor do ucho.info, que acumula algumas décadas de experiência na profissão, presenciou cenas absurdas. Uma delas comprovou o fato de o Brasil continuar agarrado ao rótulo de País do futuro.

Certa vez, a Câmara dos Deputados vivia no plenário um verdadeiro frenesi por causa da votação de determinada matéria, enquanto alguns deputados estavam reunidos em um apartamento funcional, à volta de uma mesa muito bem servida e com bebidas importadas de todos os matizes, de uísque escocês a vinho italiano, passando por champagne francês. Horário: 14h30 de uma quarta-feira.

Os partidos políticos brasileiros são ou não de mentirinha? Os parlamentares precisam deixar de hipocrisia e assumir que política é negócio milionário e que nenhum político é eleito para cuidar dos interesses da sociedade, mas sim dos próprios.