Justiça do DF não respeita a memória de Ruy Mesquita e mantém censura de Sarney ao “Estadão”

Óleo de peroba – O Brasil se aproxima perigosamente de um regime de exceção, sem que a sociedade perceba o perigo que isso representa. Há algum tempo o Judiciário tem colaborado de maneira inexplicável para que a censura se instale mais uma vez no País, impedindo que o direito constitucional da livre manifestação do pensamento seja exercido.

Decisões arbitrárias têm sido tomadas nos últimos anos contra jornalistas e veículos de comunicação, que sofrem também com um novo de tipo de golpe por parte dos censores de plantão, o estrangulamento financeiro.

É o caso de uma blogueira do Amapá, que foi condenada a indenizar o senador José Sarney (PMDB-AP), o caudilho maranhense, em mais de R$ 2 milhões por causa de um comentário postado por leitor. Por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a blogueira teve a sua conta bancária bloqueada. Outra vítima de José Sarney é o atuante e crítico “Jornal Pequeno”, do Maranhão, que teve penhorado em suas contas bancárias pouco mais de R$ 36 mil.

No cenário da imprensa nacional, o jornal “O Estado de S. Paulo” há anos trava uma batalha judicial com o clã Sarney, que como sempre se valeu da influência do ex-presidente do Senado para colocar em prática a censura. Por decisão da Justiça do DF, o “Estadão” está proibido de divulgar detalhes da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney.

Reconhecido por ser um jornalista equilibrado e por ser um ferrenho defensor da liberdade de expressão, Ruy Mesquita, diretor de “O Estado de S. Paulo”, despediu-se da vida com essa mágoa. A de ver o jornal censurado por causa de uma arbitrariedade da Justiça que remonta aos plúmbeos anos brasileiros.

O sepultamento de Ruy Mesquita acontecia em um cemitério da capital paulista quando, na tarde de quarta-feira (22), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal manteve a proibição do jornal de divulgar detalhes da Operação Boi Barrica.

Que o clã maranhense não tem a mais rasa dose de moral para esse tipo de ação todos sabem, mas é preciso que a população reaja com celeridade e contundência, pois esse estado de exceção que começa a se alastrar pelo País é extremamente perigos e irreversível. Ou se dá um basta agora, ou aceita-se a instalação de uma ditadura ideal, o que está prestes a acontecer.

Os magistrados do Tribunal de Justiça do DF são tão insensíveis, que anunciaram a decisão contra o jornal “O Estado de S. Paulo” no mesmo dia do sepultamento do já saudoso Ruy Mesquita. Diante disso, de agora em diante José Sarney deveria ter vergonha de falar em democracia, algo que ele sempre atropelou com seu conhecido sorriso de lagarto estampado em face lenhosa.