Dólar é cotado acima de R$ 2,07 e economia brasileira enfrenta a síndrome do cego em tiroteio

Sinuca de bico – Nesta teça-feira (28), pela primeira vez em cinco meses, o dólar encerrou dia cotado acima de R$ 2,07. A alta é resultado do anúncio dos dados positivos dos Estados Unidos, que apontam para uma eventual diminuição por parte do Federal Reserve do programa de estímulo monetário nos próximos meses, o que reduziria a liquidez internacional.

A moeda norte-americana fechou em alta de 0,87%, para R$ 2,0741 na venda, patamar de fechamento de negócios que não era registrado desde o final de dezembro de 2012.

Mesmo diante das possíveis razões atreladas ao Fed, analistas financeiros alertam para o fato de que os investidores estão cautelosos à espera da decisão do Banco Central do Brasil sobre a taxa básica de juro, a Selic, cujo aumento será anunciado na quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Independentemente da decisão a ser tomada pelo Copom, a alta do dólar é uma faca de dois gumes na economia brasileira. Por um lado, a elevação da moeda norte-americana facilita as exportações brasileiras, tornando os produtos mais competitivos em termos de preço, mas esbarra no apagão logístico que toma conta do País. Por outro, a alta do dólar atrapalha o governo brasileiro no combate à inflação. Com o a desvalorização do real, a entrada de produtos estrangeiros é maior e ajuda a atender à demanda.

A crise econômica continua preocupando, não importando qual o cenário, mas o governo de Dilma Rousseff insiste em debruçar-se sobre a adoção de medidas pontuais, quando a receita mais correta seria combater o problema como um todo através de mudanças estruturais. O que o governo vem fazendo, por meio de desonerações, é conter a causa, não sem antes corroer as contas públicas. Se a conta já não fechava há algum tempo, não é difícil imaginar o que acontecerá com a economia dos Estados Unidos reagindo positivamente.