Agindo nas coxias – O escândalo do programa Bolsa Família, que levou milhares de desesperados beneficiários aos caixas eletrônicos, é grave, mas o governo de Dilma Rousseff aposta no feriado prolongado de Corpus Christi para que o assunto caia no esquecimento popular e perca espaço na imprensa nacional.
Enquanto a aposta palaciana caminha nessa direção, os partidos de oposição se mostram dispostos a manter o assunto em voga, pelo menos por enquanto. O tema pode ganhar reforço adicional se no Congresso for aprovado o convite para que o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, vá ao parlamento para discorrer sobre o imbróglio que se transformou em doloroso tiro no pé do governo.
Diante da declaração de Hereda, que reconheceu falha da Caixa na antecipação do pagamento do benefício, a ordem no Palácio do Planalto é de cautela por parte dos integrantes do governo.
Na manhã desta quarta-feira (29), a assessoria da Presidência da República divulgou nota informando que nenhum dirigente da Caixa será demitido ou afastado por causa do episódio.
“São falsas as especulações de mudanças na direção da Caixa Econômica Federal. A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, destaca a nota.
Quem bem conhece o funcionamento do poder sabe que essa afirmação nada significa. Considerando que Dilma Rousseff é adepta de medidas radicais e muitas vezes impensadas, não se deve descartar a possibilidade de nos próximos dias alguns dos culpados pedirem demissão dos cargos de direção que ocupam na Caixa.
A estratégia é conhecida no Palácio do Planalto, onde ninguém é demitido sumariamente para não prejudicar a imagem do governo, mas nos bastidores é pressionado para da noite para o dia pegar o boné e sair caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento.