Dilma colocou um Cavalo de Tróia no Palácio dos Bandeirantes, mas não quer Joaquim Barbosa no Planalto

Veneno caseiro – A política é um jogo bruto e desleal e quem decidir encará-lo deve estar preparado. Quando convidou Guilherme Afif Domingos para assumir a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que tem status de ministério, a presidente Dilma Rousseff instalou um Cavalo de Tróia no Palácio dos Bandeirantes, pois o novo ministro também é vive-governador de São Paulo.

O governador Geraldo Alckmin pressionou para que seu vice renunciasse para assumir a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, mas Afif encontrou guarida em pareceres da Advocacia-Geral da União e decidiu manter um pé em cada cargo. Na próxima semana, Guilherme Afif terá de se licenciar a Secretaria para assumir interinamente o governo paulista, uma vez que Alckmin viajará a Paris. Isso mostra de forma clara o objetivo do governo do PT com a nomeação de Afif.

Como sempre acontece, os petistas palacianos se recusam a provar do próprio veneno. Nos próximos dias, o governo federal também teria de enfrentar uma vacância quádrupla. Dilma Rousseff, a presidente, embarca no próximo sábado (8) para Portugal, onde tem compromissos oficiais nos dias 10 e 11.

Na noite desta terça-feira (4), o vice-presidente Michel Temer deixa a capital dos brasileiros com destino à Europa, onde fará um giro por Hungria, Inglaterra e França. Temer deve retornar somente no dia 12 de junho.

Segundo na linha sucessória de Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, tinha agendado viagem de Estado à Rússia. O terceiro na hierarquia, Renan Calheiros, presidente do Senado, também viajará a Portugal, onde participa do encerramento do ano do país-irmão no Brasil.

Com a possibilidade de a presidência interina acabar nas mãos do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto trabalhou rapidamente e convenceu Henrique Eduardo Alves a cancelar sua viagem à Rússia, decisão que será informada à embaixada do país, em Brasília, ainda nesta terça-feira (4).

A preocupação do PT era ver Barbosa como presidente interino e deflagrar um movimento popular de apoio ao magistrado, já que boa parte da população quer vê-lo como candidato ao Planalto em 2014.