Morrendo na praia – Após forte tensão vivida nos últimos meses, as Coreias do Sul e do Norte concordaram no domingo (9) em iniciar conversas em nível ministerial – as primeiras em seis anos – sinalizando, assim, uma reaproximação. Segundo divulgou a emissora de rádio sul-coreana KBS, o diálogo poderá acontecer já na próxima quarta-feira em Seul.
O acordo foi alcançado durante uma reunião entre representantes dos dois países na região fronteiriça de Panmunjom, onde foi assinada a trégua da guerra entre as duas Coreias (de 1950 a 53). De acordo com o Ministério sul-coreano para a Reunificação, ambas as delegações ainda discutem detalhes do encontro.
Na quinta-feira passada, a Coreia do Norte surpreendeu o país vizinho ao apresentar um pedido oficial de diálogo. Nos últimos meses, os norte-coreanos vinham fazendo diversas ameaças ao sul, chegando inclusive a declarar o fim do armistício declarado em 1953.
Ambos os países declararam a intenção de falar sobre a normalização de projetos econômicos comuns – como o parque industrial de Kaesong, localizado em território norte-coreano próximo à fronteira com o sul, onde mais de 120 empresas se instalaram desde 2004.
A área econômica especial é um dos últimos símbolos remanescentes da antiga cooperação entre os dois países. Lá trabalham 53 mil pessoas. As duas Coreias devem debater ainda sobre o encontro de famílias coreanas que vivem separadas.
Cautela
A mudança na postura do regime da Coreia do Norte ocorreu pouco antes da chegada do presidente da China, Xi Jinping, aos Estados Unidos, onde realizou uma visita de dois dias. Juntamente com o presidente Barack Obama, Xi concordou em colaborar com os norte-americanos para convencer Pyongyang a desistir de seu programa nuclear.
Analistas avaliam com cautela a intenção da Coreia do Norte. Alguns observadores acreditam que o interesse no diálogo seja parte da estratégia do líder Kim Jong-un de manter uma retórica agressiva e de provocações seguida de esforços diplomáticos para negociar concessões estrangeiras.
Citando fontes militares, a imprensa sul-coreana informou que as Forças Armadas da Coreia do Norte possivelmente realizarão novos treinos da artilharia costeira ou mesmo manobras com navios.
Fracasso
Que a Coreia do Norte sempre se valeu do blefe dos seus ditadores todos sabem, mas o estreante Kim Jong-un mostrou que não herdou do pai o talento para a chantagem. Kim Jong-il, o ditador anterior, sabia usar as ameaças para conseguir algum tipo de ajuda econômica ao país, algo que não aconteceu no pífio e fracassado espetáculo protagonizado por Kim Jong-un.
A exemplo do pai, Kim Jong-un colocou os exército norte-coreano nas ruas e praças de Pyongyang na tentativa de intimidar a vizinha Coreia do Sul e tirar o sono de líderes globais, mas tudo não passou de mais um embuste. Um acordo deve sair do encontro entre representantes das duas Coreias, mas não se deve imaginar que os blefes de Pyongyang estão com os dias contados. (Com agências internacionais)