Requião: de crítico da aposentadoria de ex-governador a defensor de um benefício vergonhoso e imoral

A verdadeira face – O senador Roberto Requião (PMDB) é um devoto ferrenho das doutrinas de Hugo Chávez e fiel seguidor do chamado “Socialismo do Século XXI’, fuzarca ideológica criada pelo finado caudilho bolivariano. Assim como Chávez, Requião também repudia o ‘mercado’, o ‘neoliberalismo’ e o “culto ao capital” que marca as sociedades ocidentais. Na prática, no entanto, o “anticapitalismo” do senador pode ser classificado como seletivo. Quando o assunto é o próprio capital, o senador peemedebista não abre mão de um tostão sequer, além de exigir juro e correção daquilo que supostamente lhe é devido.

Em abril 2010, esquecendo das críticas que fazia a aposentadorias diferenciadas, Requião requereu e recebeu a aposentadoria de ex-governador. O benefício foi suspenso em 2011 pelo governo do Paraná, que seguiu o entendimento do STF sobre esse tipo de benefício. No último dia 3 de junho, Roberto Requião teve acolhido, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, um mandato de segurança para voltar a receber a aposentadoria.

Dois dias depois, o senador ingressou na Justiça com requerimento para “liberar quantias retidas” para receber quinze meses (de junho de 2011 a agosto de 2012, desde então, até maio, vinha recebendo a pensão por força de liminar), para que fosse depositada em sua conta bancária a bagatela de R$ 361.764,30 (15 vezes R$ 24.117,62). Solicitou ainda que os valores sejam depositados “devidamente corrigidos em minha conta pessoal”. Requião já recebeu R$ 554.705,26 em aposentadorias de ex-governador e está cobrando o depósito de mais R$ 361,7 mil, acrescidos de correções e juro.

Crítico ácido do “mercado”, Requião atacou com virulência a mudança da política do Banco Central de aumento da taxa de juro, a qual considerou uma rendição ao “neoliberalismo” que só beneficiaria os “rentistas” que, segundo sua retórica, são “parasitas sociais”. Em 1990, na disputa pelo governo do Paraná, carimbou no adversário o título de “marajá” por conta da aposentadoria de ex-governador que recebia. A “denúncia”, repetida milhares de vezes, destruiu o adversário.

Em 2013, Requião, que em 2014 pretende mais uma vez se candidatar ao Palácio Iguaçu, embolsa R$ 26,7 como senador (sem contar verbas de gabinete, salários extras, jetons e outros badulaques parlamentares), além de R$ 24,1 mil, a título de aposentadoria de ex-governador, e R$ 4,1 mil do INSS. O que perfaz, sem contar as vantagens, um total de R$ 54,1 mil.

Em três anos, apenas como governador aposentado (contando o que já embolsou e o que vai embolsar com a decisão judicial), Requião embolsará R$ 918.000,00. Quantia que um reles trabalhador, que ganha a fortuna de R$ 678,00 mensais, levaria 112 anos para acumular.