São Paulo: em breve, vítimas da insegurança terão de pedir desculpas e agradecer aos criminosos

Virou baderna – O Brasil vive uma perigosa e absurda inversão de valores, situação que começa a transformar vítimas da insegurança pública em culpados. Com um Estado inoperante e legislação frouxa e obsoleta, reagir a um assalto é sinônimo de problemas futuros, pois em algum momento entrará em cena a questão dos direitos humanos. Algo que na prática só vale para os marginais.

Na noite de quarta-feira (12), Dia dos Namorados, um advogado seguia em seu carro, junto com a namorada, para um restaurante da Zona Sul, quando no semáforo de movimentada rua foi assaltado. O criminoso, menor de idade e de arma em punho, levou o celular e o relógio da vítima, avaliados em R$ 15 mil.

A sensação de impunidade que grassa no mundo do crime é tamanha, que o assaltante saiu caminhando tranquilamente e passou diante do carro da vítima, como se nada tivesse ocorrido. Nesse momento, o motorista assaltado acelerou o carro e atropelou o marginal.

Com o ladrão preso pela polícia, o advogado recuperou seus bens e o caso acabou na delegacia do bairro, onde a autoridade de plantão não descartou a possibilidade de a vítima ser investigada por causa do atropelamento. No inquérito a polícia terá de descobrir se o advogado acelerou o carro para se defender ou para agredir o ladrão.

Com a escalada do crime, as autoridades passaram a sugerir medidas que deveriam ser adotadas pelos cidadãos como forma de evitar a ação dos criminosos. O que mostra a inoperância e a falência do Estado, como um todo. Não demora muito, alguém há de sugerir que a vítima passe a pedir desculpas para o ladrão. Não sendo assassinada, a vítima deverá agradecer.

A sensação de insegurança é tão devastadora, que muitas pessoas ficam preocupadas quando não têm na carteira ou na bolsa um dinheiro para dar ao ladrão em caso de assalto. Há dias, em conversa com o editor do ucho.info, uma destacada integrante do governo Alckmin disse que precisava ir ao caixa eletrônico para sacar o dinheiro do ladrão. Enquanto essa servidora sacava R$ 200 da sua conta bancária, baderneiros destruíam a cidade por causa de R$ 0,20 centavos de aumento no preço da passagem de ônibus.

Se Geraldo Alckmin não tomar uma providência imediata para acabar com a onda de violência na maior e mais rica cidade brasileira, seu projeto de reeleição deve ser engavetado caso o governador deseje evitar um vexame político nas urnas.