Mantega continua com conversa fiada sobre câmbio e inflação, mas alta do dólar já produz estragos

Porteira aberta – Guido Mantega, que ainda está ministro da Fazenda, abusa da insensatez quando afirma que o governo tem munição de sobra para enfrentar os solavancos do mercado de câmbio, que nos últimos dias registrou seguidas altas da moeda norte-americana, mesmo com intervenções do Banco Central.

Como explicamos em matérias anteriores, Mantega se fia nas reservas brasileiras (US$ 300 bilhões) quando faz suas declarações, mas esquece que o BC vem torrando alguns bilhões de dólares ao vender contratos de swap cambial.

Enquanto o ministro fala o que quer, sem ter o menor respeito do mercado financeiro, a população deve se preparar para os efeitos da repentina valorização do dólar. Com a alta da moeda norte-americana, tomar café da manhã ficará mais caro, pois o trigo utilizado no sacro e necessário pãozinho de todos os dias é importado e vem sofrendo reajustes constantes, como já noticiamos

Usar um guardanapo de papel durante o café ou qualquer outra refeição também passará a arder no bolso. A celulose tem o preço fixado pelo mercado internacional e por isso acompanha a roda-gigante da moeda ianque.

Encerrado o desjejum, quem usa o próprio carro para ir ao trabalho pode não sentir a mão do governo entrando no bolso, mas a gasolina, que também é importada, ficará mais cara. Pode ser que a conta não chegue à bomba de combustível, mas o derretimento financeiro da Petrobras em algum momento há de chegar aos contribuintes.

Mesmo que o motorista seja ecologicamente correto e abasteça o seu veículo com etanol, o risco de o combustível verde subir de preço não deve ser descartado. No vácuo do etanol, como se fosse uma sombra persistente, está o açúcar, que também é cotado com base no mercado internacional. No momento em que o mercado global começar a comprar mais açúcar, a produção de etanol cai de forma automática. E com o dólar em alta é melhor exportar açúcar do que vender etanol no mercado interno.

A análise acima mostra de forma inequívoca o impacto da equivocada política econômica do governo de Dilma Rousseff, que demorou demais para adotar medidas que facilitassem o ingresso de capital estrangeiro. Agora, com o Brasil precisando cada vez mais de dólares, só resta o lamento, pois até que Guido Mantega decida algo será tarde demais. E o povo? Bem, o povo é um assunto que o PT só lembra no período eleitoral e no momento de criar suas bolsas sociais.