Após anunciar propostas absurdas, governo recua em relação à constituinte para reforma política

Não é bem assim – Ministro da Justiça, o petista José Eduardo Martins Cardozo afirmou nesta terça-feira (25) que o governo analisa alternativas à proposta de plebiscito sobre uma Constituinte específica para a reforma política.

A proposta foi anunciada na segunda-feira (24) pela presidente Dilma Rousseff, durante reunião de emergência com governadores e prefeitos, convocada como forma de acalmar os manifestantes que tomam as ruas do País.

Nesta terça, a presidente reuniu-se, em palácio, com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado Coelho, ocasião em que tomou conhecimento da proposta elaborada pela entidade em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).

Marcus Vinícius Coelho deixou o encontro, que durou quase duas horas, afirmando que a presidente se sensibilizou com a proposta da OAB. “O governo sai convencido de que a proposta constituinte atrasa o processo de reforma e não é o mais adequado”, disse o líder dos advogados brasileiros.

O ministro José Eduardo Cardozo evita falar em recuo por parte do governo, mas começa acontecer o que era esperado. Diante de um pacto vergonhoso, com medidas que não atendem ao clamor das ruas, o ato seguinte seria o recuo. Não se pode aceitar uma proposta absurda que atenta contra o ordenamento legal da nação, apenas porque os atuais donos do poder se acostumaram com o atropelamento da Constituição Federal.

Dinheiro a rodo

A reforma política, que aguarda na fila do Congresso Nacional há pelo menos dez anos, poderia ser antecipada parcialmente com o despertar da Justiça Eleitoral, que finge não enxergar a realidade financeira das campanhas. Ciente de que os gastos realizados pelos candidatos são estratosféricos, a Justiça Eleitoral endossa prestações de contas diminutas e mentirosas, como se a verdade não fosse de domínio público.

Quando uma campanha presidencial com chance de sucesso custa US$ 350 milhões, não há como evitar a avalanche de corrupção que surge na sequência da vitória do candidato. Quem despeja dinheiro em determinada campanha não o faz por diletantismo ou patriotismo, mas, sim, porque vislumbra lucros absurdos em curto espaço de tempo. Nessa ciranda criminosa todos se beneficiam, desde financiadores a financiados.