Tiro no pé – Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara dos Deputados, classificou como “lambança federal” a confusão que se formou no governo do PT por causa da realização de um plebiscito sobre a reforma política.
No final da manhã de quinta-feira (4), após reunião com líderes da base do governo, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou “que era impossível” realizar a consulta para que a reforma entrasse em vigor no próximo pleito.
Depois de anunciar o recuo do governo, Temer mudou de opinião e divulgou nota à imprensa em que argumenta que o Planalto mantém a proposta para 2014 e que, na entrevista concedida horas antes, falava apenas sobre a posição dos líderes da base do governo na Câmara. Por outro lado, em Salvador, a presidente Dilma Rousseff enfatizava que o plebiscito era apenas “uma sugestão” ao Congresso.
“É uma lambança federal. São anúncios e recuos numa velocidade extraordinária. Pelo visto, ninguém se entende no governo. Isso é o que dá o Palácio do Planalto se intrometer num assunto que é prerrogativa do Congresso Nacional. O Executivo precisa é cuidar do caos que se instalou na gestão pública”, criticou Rubens Bueno.
O líder do PPS ressaltou que a presidente desrespeitou o Legislativo ao consultar, por conta própria, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o prazo para a organização de um plebiscito que sequer foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Para Rubens Bueno, desde o início do processo a Dilma Rousseff tentou atropelar o Congresso e cometeu uma série de erros. “Primeiro defendeu uma constituinte exclusiva, um absurdo rechaçado por todo o meio político e jurídico. Depois, insistiu no plebiscito e chegou a consultar o TSE sobre o prazo para a realização da consulta. Foi uma barbeiragem geral”, criticou o líder do PPS.
Cortina de fumaça
Com a proposta do plebiscito, avalia o deputado, o Palácio do Planalto quer criar uma cortina de fumaça para escapar das cobranças feitas ao governo do PT durante as manifestações populares em todo o País. “Dilma levantou a bandeira da reforma política, que é uma atribuição do Congresso, mas não trouxe respostas às manifestações das ruas, que pedem mais saúde, educação, transporte e o fim da corrupção”, ressaltou Rubens Bueno.
O PPS defende que o Congresso faça a reforma política, que depois passaria por um referendo popular. Os principais pontos defendidos pela legenda são: voto distrital misto uninominal com lista partidária, segundo turno em municípios com mais de 50 mil eleitores, proibição de manter o mandato ao assumir cargos no Executivo, nova divisão das sobras de votos, candidatura avulsa, parlamentarismo, financiamento público de campanha, fim da reeleição, fim das coligações na eleição proporcional, fim da fixação do prazo de filiação para disputa de eleição, mudança no sistema de suplência de senador.