Deputado confirma tese do ucho.info e quer explicações da Abin sobre atuação de espiões americanos

Linha de tiro – Confirmando o que noticiou o ucho.info sobre a exposição da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no caso da suposta violação de telefonemas e e-mails por parte do governo dos Estados Unidos, parlamentares se movimentam no Congresso Nacional para apurar como uma central de espionagem foi montada no Brasil, sem que o serviço de inteligência do País detectasse qualquer atividade suspeita.

O caso veio à tona após uma série de reportagens do jornal “O Globo”, que usou como base documentos vazados por Edward Snowden, ex-agente da CIA que continua no aeroporto de Moscou à espera de uma resposta oficial a um dos seus inúmeros pedidos de asilo político.

“A informação pegou o governo brasileiro de surpresa. O Planalto está certo ao determinar uma série de investigações e acionar até a ONU. Mas também precisamos saber por que nosso órgão oficial de inteligência não conseguiu se antecipar, ou obter qualquer tipo de informação sobre a atuação americana em nosso país”, cobrou o deputado federal Rubens Bueno (PR). Além de um pedido de informação ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito, o partido sugerirá a realização de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para debater o tema.

De acordo com dados do site Contas Abertas, a Abin possui orçamento de R$ 513,6 milhões para 2013. Os gastos com “pessoal e encargos sociais” representam o 87% da previsão, o equivalente a R$ 446,6 milhões. Entre os gastos estão R$ 56 milhões que serão aplicados em ações de inteligência. Entre 2003 e 2013, quase R$ 3 bilhões foram gastos para as iniciativas da Abin. Em valores correntes, o orçamento da Agência cresceu mais de 300%, pois era de R$ 124,5 milhões em 2003.

Apesar do volume de recursos, lembra Bueno, a Agência sofre desgaste dentro do próprio governo. Assessores civis da presidente Dilma Rousseff e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) se estranharam sobre o fato de o Palácio do Planalto não ter sido avisado sobre a iminência de manifestações e protestos em todo o País durante a Copa das Confederações.

A espionagem

Segundo matéria do jornal “O Globo”, desta segunda-feira (8), equipes da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da Agência Central de Inteligência (CIA) trabalharam em conjunto em Brasília, onde funcionou uma das 16 bases que os EUA mantiveram para a coleta de informações através de satélites. Documentos da NSA, de 2002, vazados por Edward Snowden, revelam o padrão de monitoramento em escritórios estrangeiros, dentro e fora dos Estados Unidos. Não se sabe se a base de espionagem, a equipe conjunta e as práticas se mantêm.

“Trata-se de um caso da maior gravidade que coloca em risco toda a segurança das comunicações no Brasil. Se confirmado, é um crime e os Estados Unidos precisam responder por isso. Mas também coloca em xeque a eficácia de nosso sistema de vigilância e inteligência”, afirmou Rubens Bueno.