Lígia Fleury –
Se você é daqueles que só jogam lixo na lixeira por que os outros estão vendo ou por que está sendo filmado; se você diz para seus amigos que jamais faria algo errado, desde andar na contramão mesmo que em um estacionamento de Shopping, mas é capaz de, em um almoço com seu chefe que na verdade é mais amigo do que chefe, pedir a ele que demita um colega; se você é capaz de dar a sua palavra sobre uma decisão e no momento em que lhe cobram a decisão, faz-se de rogado e não assume a palavra; se você é capaz de criar uma intriga e dizer mil vezes uma mentira para que ela se torne verdade apenas para que os outros não vejam seu erro..
Se você se percebeu em um desses exemplos sugiro que pense sobre o que é ser ético, porque certamente não o é. A ética está dentro de cada um, em cada atitude, em cada pensamento, em cada ação. E se ela está em você, não é a concepção alheia que mudará os princípios que norteiam sua vida.
Mudar de opinião pode significar crescimento, se houver discernimento. Modificar seu pensamento sempre que novas informações o fizerem refletir, é algo absolutamente saudável e produtivo, pois é o conhecimento sendo ampliado, é a possibilidade argumentativa sendo aguçada e isso é crescimento intelectual, pessoal. Porém, essa mudança do pensar não pode eximir a ética, os princípios que norteiam sua vida. E a ética está dentro de você, não nos outros ou no que o outro quer que você acredite. Essa é a sutil diferença entre ser ético e dizer-se ético. E todos precisamos pensar sobre isso. Todos somos responsáveis por esse mundo que aí está. De nós dependem crianças e jovens que se espelham nas nossas ações, nas nossas palavras.
O Brasil vive hoje um momento que transcende a minha capacidade de compreensão ou de aceitação. Custo a compreender por que demoramos tanto tempo para exigirmos que nossos representantes façam tão somente aquilo para o qual foram eleitos, designados. Longe de mim aceitar tanta mentira, tanta hipocrisia. No dia a dia vivemos com pessoas que nos sorriem e, ao mesmo tempo, nos puxam o tapete. Elas nada se diferem dos sem caráter que conseguem enriquecer às custas dos impostos pagos por trabalhadores de bem. E na escola e em família, é isso que precisamos ensinar às crianças e jovens: que tenham ética em suas ações, que sejam responsáveis com suas atitudes, para que possam se orgulhar da Pessoa que são e, dessa maneira, cobrar das autoridades um país melhor, com Educação, Saúde e Segurança.
Se há receita para um país digno, é essa: Escola e Família juntas, formando cidadãos éticos e conscientes de seus deveres e direitos. E isso se ensina sempre. Formação de caráter não entra em férias escolares.
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.