Pano quente – O governo da Espanha apresentou, na segunda-feira (15), à Chancelaria boliviana um pedido oficial de desculpas pelo incidente ocorrido com o avião do presidente Evo Morales, que há duas semanas foi proibido de adentrar ao espaço aéreo de alguns países europeus. A decisão foi decorrente da suspeita de que no avião presidencial boliviano estivesse Edward Snowden, ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, que delatou o esquema de espionagem norte-americano.
Na nota dirigida à Chancelaria da Bolívia e entregue pelo embaixador espanhol em La Paz, Ángel Vázquez, o governo da Espanha lamenta a decisão tomada pelo também embaixador Alberto Castro, em Viena, e reforça a esperança de que o incidente não comprometa as boas relações entre os dois países.
O presidente Evo Morales acusou o embaixador Alberto Castro de querer inspecionar o seu avião para verificar se Snowden viajava consigo, uma vez que o ex-técnico da NSA tornou-se o inimigo número um da Casa Branca.
“Lamentamos esse fato, apresentamos as nossas desculpas por esse procedimento, que não foi adequado”, destaca o documento, que menciona também o fato de que Evo Morales “foi colocado em uma posição difícil e imprópria para um chefe de Estado”.
Próprio veneno
Apesar do pedido de desculpas do governo espanhol, necessário porque o avião presidencial boliviano foi impedido de sobrevoar alguns países e acabou pousando em Viena por questões de segurança, Evo Morales procedimento idêntico, no final de 2012, com o ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim.
Após visita oficial à Bolívia, Amorim se preparava para retornar a Brasília quando foi surpreendido, no aeroporto de La Paz, por uma ordem do presidente boliviano para que o avião da FAB fosse vasculhado, inclusive por cães farejadores. Evo Morales suspeitava que no avião da FAB estivesse o senador Roger Pinto Molina, seu opositor e que há onze meses vive refugiado na embaixada brasileira.
O governo brasileiro tem defendido com veemência o presidente da Bolívia, que, diga-se de passagem, não é dado às fidalguias. Foi do índio cocalero e dublê de presidente que partiu a decisão de expropriar uma planta da Petrobras em território boliviano, causando prejuízo bilionário ao Brasil.
À época da expropriação, o então presidente Lula tratou de amenizar a atitude de Morales, alegando que o povo boliviano tem o direito de defender as riquezas do próprio país. Desculpa esfarrapada, que em qualquer nação séria teria sido rejeitada desde o começo da epopeia.