Mão contrária – Não é de hoje que afirmamos que o PT sofre de demência quando o assunto é planejamento. Para piorar a situação, cada petista defende uma tese distinta, mas mesmo assim eles se chamam de companheiros.
Quando o pirotécnico Luiz Inácio da Silva anunciou a redução de impostos como forma de incentivar a economia nacional, começando pelo setor automobilístico, este site foi incisivo ao alertar para o perigo de as grandes cidades brasileiras sofrerem uma enxurrada de carros novos, sem qualquer contrapartida em termos de investimentos na mobilidade urbana e no transporte público.
À época, os assessores palacianos se limitaram a acusar-nos de torcer contra o Brasil, como o raciocínio lógico fosse crime. Não enxergar o óbvio não exige qualquer dose extra de tutano, apenas boa vontade, mas contrariar as profecias fracassadas de Lula era, como ainda é, uma heresia.
Verdadeiro animal político, Lula enxergou na demanda reprimida a oportunidade de mandar aos céus seus índices de aprovação, não importando as consequências do populismo barato em que se transformou a redução do IPI, medida que provocou estragos nos cofres de muitas cidades e estados, pois o Palácio do Planalto é especialista em fazer cortesia com o chapéu alheio.
Lula se agarrou a tese burra de que país desenvolvido é aquele em que o pobre tem um carro novo, quando na verdade o desenvolvimento de uma nação pode ser medido pela quantidade de ricos que utilizam o transporte público.
A maior vítima da medida adotada por Lula foi a cidade de São Paulo, que da noite para o dia viu os congestionamentos aumentarem de forma impressionante. Diante dos sérios problemas de mobilidade urbana que a capital dos paulistas vem enfrentando, além da cobrança popular por um transporte público de qualidade, o prefeito Fernando Haddad (PT) nocauteia a tese do companheiro e mentor Lula ao adotar medida que provocará ruído.
Durante reunião do Conselho Municipal, na quarta-feira (17), Haddad apresentou solução para o deficitário transporte público paulistano. Para o petista que assumiu o comando da maior cidade brasileira, o transporte privado terá de contribuir para o custeio do transporte público. Essa ideia, que penaliza os incautos que caíram no conto do vigário de Lula, será viabilizada com a criação de pedágios urbanos e cobrança de taxas extras.
Causa preocupação a insistência do PT em governar o País como se fosse um daqueles botequins de porta de fábrica que Lula frequentou nos tempos de sindicalismo.