Descendo a ladeira – A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) revisou nesta quarta-feira (24) a previsão de crescimento para a região, que passou de 3,5% para 3%. A mudança se deve, em boa parte, à baixa expectativa de expansão de Brasil e México, maiores economias latino-americanas.
A previsão de crescimento do Brasil passou de 3,0% para 2,5% neste ano. Em 2012, o país registrou crescimento de 0,9%. A previsão do México foi a que mais retraiu, saindo de 3,5% para 2,8%. Outro motivo para a revisão é a desaceleração do crescimento de países como Chile, Panamá e Peru.
O Paraguai é o país da região que apresenta maior previsão de crescimento (12,5%). Em seguida, vêm Panamá (7,5%), Peru (5,9%), Bolívia (5,5%), Nicarágua (5,0%) e Chile (4,6%). Argentina (3,5%) e México (2,8%) apresentam, junto com o Brasil, as piores taxas.
Uma das principais consequências para a previsão menor apresentada pela Cepal é a baixa expectativa de contratação de mão de obra neste ano, além da desaceleração dos salários.
Para Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil, a menor expansão da indústria e o consumo mais contido das famílias brasileiras são responsáveis pelo desempenho nacional. “A boa notícia é que a agricultura está seguindo forte”, ponderou.
O estudo também aponta alguns pontos fracos para a região, que, segundo a entidade, poderiam causar efeitos negativos no curto e no longo prazo, levando em conta o cenário negativo atual.
Entre as debilidades apontadas pelo órgão, estão a alta dependência das exportações para Europa e China, aumento no déficit na conta corrente, restrições fiscais no Caribe, América Central e México, além da vulnerabilidade na América do Sul (por causa das da dependência dos recursos naturais).
A política monetária dos Estados Unidos também é vista como incerteza e a situação do emprego na Europa preocupa.
Pacto social como saída
Na avaliação da Cepal, as expectativas para 2014 são boas, mas ainda não há condições para igualar a capacidade de crescimento à taxa registrada antes da crise de 2009. “O Brasil é um país que tem perspectivas de investimento, é o país que lidera a captação de investimentos estrangeiros na região”, exemplificou Carlos Mussi, que prevê, no próximo ano, resultados melhores que os de 2012.
Alícia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, disse que as expectativas são positivas e que a percepção que o Brasil tem de si mesmo é mais negativa do que a percepção que os outros países têm.
“O Brasil é um dos países que estão fazendo mudanças na sua estrutura na direção do crescimento”, disse, ao citar como exemplo os cinco pactos anunciados recentemente pelo governo federal.
O estudo da Cepal também apresenta uma análise dos dados sobre crescimento, registrados nos últimos 30 anos. Na avaliação da Cepal, foram “três décadas de crescimento econômico desigual e instável”, desempenho inferior ao registrado nos países Asiáticos.
Os graus de desigualdade e de pobreza, a insuficiente acumulação de capital e o progresso limitado da capacidade de trabalho são apontados como características da região no período, ainda que tenham sido registradas “transformações econômicas profundas”, segundo o relatório.
Como saída, o órgão propõe a adoção de um pacto social para estimular o aumento do investimento e da produtividade. Entre as ações estão a consolidação das relações entre Estado, empresas e organizações socais, adoção de políticas macroeconômicas estabilizadoras anticíclicas, além de outras políticas industriais, laborais e ambientais. (DW)