Prefeito do Rio posa de bom moço para minimizar efeito colateral dos erros cometidos na JMJ

Chinelada do Senhor – Discorrer sobre a incompetência e a conhecida fanfarrice de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, é penalizar a redundância, pois o alcaide carioca é a mais perfeita tradução desse binômio que se escora no fiasco.

Durante entrevista em que falou sobre a Jornada Mundial da Juventude, concedida à rádio CBN, Paes disse que a organização do evento da Igreja Católica está aquém do esperado, incluindo erros cometidos pela prefeitura.

“Eu acho que, quando não é perfeito, sempre fica mais perto de 0 do que de 10. Mas também não estou dando nota zero. Não é perfeito, a gente tem obrigação de ser perfeito, esse é meu papel. A organização não está bem”, afirmou.

Ao admitir os erros da administração municipal, Eduardo Paes declarou: “Joguem as responsabilidades para cima de mim, é de minha responsabilidade gerenciar a cidade, não quero empurrar responsabilidade para ninguém”.

Esse repentino “bom-mocismo” do prefeito do Rio é a estratégia de última hora arrumada por assessores para tentar conter os efeitos colaterais da sequência de erros cometidos desde a chegada do papa Francisco à capital fluminense.

Eduardo Paes falou sobre a mudança do local da missa que encerrará a JMJ, de Guaratiba para a Praia de Copacabana. O Campus Fidei, em Guaratiba, foi tomado pela lama e, por recomendação de técnicos da prefeitura, descartado.

“É óbvio que todos esses problemas que surgiram não são motivos de alegria, mas esse evento tem umas características de imprevisibilidade”, disse Paes, que negou o uso de dinheiro público na preparação do evento no terreno em Guaratiba. “Não há um tostão de recurso público investido nessa área”, disse o prefeito do Rio.

Problema conhecido

Guaratiba é um local inóspito e desprovido de infraestrutura, algo que o prefeito sempre soube, assim como seus assessores. A chuva que caiu no Rio de Janeiro nos últimos dias apenas reforçou um cenário caótico que há muito é conhecido.

Se por um lado Eduardo Paes garante que não houve investimento de dinheiro da prefeitura na preparação do Campus Fidei, por outro o Vaticano quer saber quem pagará o prejuízo. Afinal, foi da prefeitura do Rio a recomendação para que o local abrigasse a missa que será celebrada pelo papa Francisco.

Além do transtorno causado à Igreja Católica, a prefeitura deve se preocupar com o prejuízo que caiu sobre os moradores da região, que investiram seus parcos tostões para comprar mercadorias que seriam revendidas, como forma de reforçar um orçamento sempre magro.

Fora isso, milhares de pessoas deixarão de participar da missa por falta de condições para chegar à Praia de Copacabana, que fica a aproximadamente 50 km de Guaratiba.

Diante de um cenário marcado por sequência de erros injustificáveis, não é preciso qualquer esforço do raciocínio para vislumbrar o que acontecerá no Brasil durante a Copa do Mundo. Se com 1,5 milhão de fiéis a prefeitura do Rio de Janeiro quase colapsou, imagine, caro leitor, com uma legião de fanáticos amantes da bola.

É bom lembrar que ao apresentar a paisagem do Rio de Janeiro à cúpula da FIFA, Eduardo Paes abusou da galhofa e falou em dar “uma chinelada na paulistada”.