Sem solução – Quando um crime acontece na capital paulista, os defensores de plantão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) entram em cena para destacar a impossibilidade de se ter um policial em cada esquina da maior cidade brasileira. Uma alegação desnecessária, pois os paulistanos, que jamais fariam exigência tão absurda, querem apenas ter a segurança correspondente aos impostos pagos e garantida pela Constituição Federal.
Nos últimos meses, os bandidos que atuam na capital paulista intensificaram os chamados “arrastões” em restaurantes, levando a gastronomia da cidade a ser refém do pânico que tomou conta dos clientes.
Há dias, na Alameda Joaquim Eugênio de Lima, na cara região paulistana dos Jardins, uma conhecida lanchonete foi alvo de arrastão. O proprietário, o conhecido “chef de cuisine” Luís Cintra, disse que há muito que aguardava pelo pior, uma vez que esse tipo de ação criminosa tornou-se comum nos bairros mais badalados da cidade. A sensação do proprietário da lanchonete torna-se ainda mais inaceitável pelo fato de São Paulo ser uma das mais caras cidades brasileiras.
Se para a sabedoria popular um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, para os bandidos é possível assaltar duas vezes na mesma rua. Na noite de quinta-feira (1), um restaurante localizado a dois quarteirões da lanchonete foi palco de um arrastão. Três casais que estavam no estabelecimento foram abordados pelos criminosos que, de arma em punho, anunciaram o assalto.
Voltando aos defensores de Alckmin. São Paulo é grande demais para ter um policial em cada esquina. Acontece que a lanchonete fica a algumas quadras de uma base da Polícia Militar, assim como o restaurante que foi visitado pelos marginais na noite de ontem. Os dois estabelecimentos estão localizados a poucos metros de uma padaria constantemente frequentada por policiais civis e militares, que a bordo de viaturas oficiais chegam a qualquer hora do dia ou da noite para comer de graça.
Para que o leitor compreenda a extensão do escárnio em que se transformou a segurança pública na cidade de São Paulo, regularmente, ao final de cada dia, em frente à mencionada padaria estaciona, sobre a calçada, uma viatura do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Enquanto alguns policiais se refestelam sem colocar a mão no bolso, um soldado fica ao lado da viatura com uma nada simpática metralhadora, ato que intimida os pedestres que passam pelo local.
Se o secretário Fernando Grella Vieira, um poeta a cuidar da segurança dos paulistas, não consegue dar cabo do problema que aflige a população, que o governador explique o que essas viaturas policiais fazem diariamente diante da padaria, enquanto outros estabelecimentos comerciais da região são assaltados sem que a polícia comparece a tempo de prender os marginais. Com a palavra, o senhor das estatísticas, Geraldo Alckmin!