Enquanto Sarney tenta se livrar da dengue no Sírio-Libanês, milhares de maranhenses só comem fava

Desfaçatez familiar – A exemplo do que ocorre com nove entre dez políticos brasileiros, no clã Sarney os integrantes não se dão ao trabalho de combinar antes de mentir. Na última quinta-feira (1), o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) disse que seu pai, José Sarney, contraíra dengue, de acordo com exames médicos e laboratoriais realizados no caro e disputado Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Ciente de que a remoção do pai para o melhor e mais cobiçado hospital do País lhe causaria problemas políticos, a governadora Roseana Sarney, que à saúde pública maranhense dedicou apenas promessas ufanistas, disse que os médicos ainda não haviam detectado o real problema de saúde do ex-presidente do Senado.

Que Roseana queira se proteger politicamente é compreensível, apesar de ser um ato de covardia, mas sua declaração pode ser considerada um desvario, uma vez que Sarney está na UTI do Sírio-Libanês recebendo tratamento contra dengue e suas consequências.

Se informação desencontrada é a mais nova marca do clã que há quase cinco décadas governa o Maranhão com despotismo, problema de quem acredita nessa horda que transformou o estado na mais miserável unidade da federação.

Enquanto José Sarney é atendido em um hospital que pode ser facilmente comparado a um hotel cinco estrelas europeu, com diárias na casa dos R$ 10 mil, alguns maranhenses convivem diuturnamente com a miséria. Em alguns municípios do estado, a população vive em estado de plena degradação humana, sem que o grupelho comandado por Sarney tome qualquer providência para reverter o caos.

De acordo com o bem informado jornalista John Cutrim, das 50 cidades brasileiras com menor renda per capita, 28 são maranhenses. O caso mais dramático e revoltante é o da cidade Fernando Falcão, a 542 km de São Luís, onde a cada oito dias os moradores se quotizam para comprar e matar um boi. Esse “luxo” não é compartilhado pela extensa maioria dos 9 mil habitantes do município que aparece em segundo lugar no ranking de pior renda per capita do País, pois o único alimento possível no prato é a fava, tipo de vagem que garante proteína e muito comum na região.

Mas Sarney e seus capatazes políticos não têm motivos para preocupação, pois afinal a governadora Roseana gastou, em 2012, R$ 17,8 milhões do suado dinheiro público com aluguel de helicópteros. Em relação à conta que o Hospital Sírio-Libanês apresentará ao final do tratamento de José Sarney a família também não se preocupa, até porque esses gastos absurdos para tratar dengue serão pagos pelo Senado, ou seja, como dinheiro de todos os brasileiros.