Golpe baixo – Advogado que é, o ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, está colocando a perder a reputação da escola onde estudou Direito, se é que o fez com o devido afinco. Que políticos são tendenciosos todos sabem, mas Cardozo abusa da leviandade ao defender a atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no caso do Metrô de São Paulo, que por enquanto está na fase investigatória. E sob investigação está a possível formação de cartel, não um eventual superfaturamento.
Tomar como certo e definitivo o depoimento do presidente da Siemens, que isoladamente afirma que o governo paulista concordou com a formação de cartel, prova que o Palácio do Planalto age de forma irresponsável, apenas e tão somente para salvar o combalido Partido dos Trabalhadores, que caiu na areia movediça da própria incompetência.
O PT transformou o governo federal em instrumento partidário e com ele faz o que bem entende, não importando o que determina a legislação. Sob a presidência de Vinícius Marques de Carvalho, sobrinho do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o Cade tem vazado para a imprensa, de forma seletiva e sistemática, assuntos relacionados ao caso que ainda estão sendo investigados.
O PT enfrenta uma grave e profunda crise política, turbinada pela crise econômica, o que explica esse jogo rasteiro e imundo, preâmbulo do plano de tomar de assalto o governo do mais importante estado brasileiro, São Paulo. O objetivo dessas ações criminosas, previamente estudadas, é fazer com que o PSDB, principal adversário político da quadrilha em se transformou o PT, caia em desgraça junto à opinião pública.
Se a Polícia Federal chegar à conclusão de que houve formação de cartel, o máximo que se pode afirmar é que o estado de São Paulo é vítima. Porém, caso a PF prove que existiu superfaturamento, que os culpados sejam punidos com o rigor da lei, sem qualquer privilégio a qualquer dos responsáveis. Até lá, o vazamento de informações sobre o caso é banditismo político.
A estratégia petista é tão sórdida e desleal, que os tucanos de São Paulo já são considerados culpados em um caso que ainda está sob investigação, enquanto os mensaleiros são inocentes, mesmo depois de condenados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parcialidade quadrilheira
Não é novidade o conjunto de armações com a chancela do PT para derrubar adversários políticos. O caso da investigação do Metrô de São Paulo, que passa pelo de Brasília apenas para dar um ar de veracidade ao jogo imundo, pode ser lançado ao vento como sendo a maior de todas as verdades, ao passo que o escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira e Fernando Cavendish, dono da Delta Construção, foi devidamente abafado para poupar Lula e Dilma de um escândalo sem precedentes.
Essa falsa retidão que move o PT, até então ignorada pela população por causa da pirotecnia palaciana, faz com que o Brasil avance diariamente na direção de uma ditadura comunista disfarçada, nos moldes da existente na Venezuela e que levou o vizinho país à decadência, a ponto de enfrentar um apagão de papel higiênico.
É preciso que os brasileiros fiquem atentos, pois casos como o do Metrô paulistano deve surgir aos montes até as eleições de 2014, até porque é a única saída que o PT encontrou para escapar de uma crise corrosiva que não dá trégua à legenda um só segundo.
Obsessão por superfaturamento
Encontrar o que não existe tornou-se uma das expertises do Partido dos Trabalhadores, somente quando na alça de mira estão os adversários. Então deputado federal pelo PT paulista, José Eduardo Martins Cardozo (atual ministro da Justiça) assumiu, em 2005, a sub-relatoria de contratos da CPMI dos Correios, que investigou o Mensalão.
À época, cumprindo ordens superiores para identificar em meio aos documentos eventuais escândalos que pudessem livrar o PT do furacão, Cardozo decidiu criar caso com os contratos entre as empresas aéreas de carga e os Correios.
Sem se valer da capacidade interpretativa de qualquer advogado minimamente competente, José Eduardo Cardozo insistiu na tese de que os aviões que transportavam a carga dos Correios deveriam ser remunerados pelo peso transportado. Uma visão propositalmente obtusa, pois uma aeronave fica à disposição dos Correios o tempo todo, sem poder carregar nenhuma mercadoria alheia à empresa. Ou seja, não importa se a aeronave, a mando dos Correios, carrega dois parafusos ou um trator, pois o valor cobrado pelo transporte será idêntico. Para que fique mais claro e compreensível, é o mesmo que contratar uma festa para mil pessoas e ao final querer pagar menos do que o combinado porque apenas cem convidados compareceram.
Isonomia deveria prevalecer
Quando o assunto é corrupção ou qualquer outro delito correlato, a postura do Estado deve ser firme e única, independentemente do partido ou corrente ideológica do investigado. Não importa se PT ou PSDB, ou qualquer das muitas legendas existentes no País, ninguém pode ficar impune ou ser condenado por causa de interesses escusos de governantes.
No Brasil atual, a grande questão é que petistas quando flagrados em alguma transgressão acionam a cantilena do golpe das elites, como se os próprios não fossem elitistas com todas as letras. No contraponto, quando um adversário é acusado de alguma irregularidade, o mundo desaba para favorecer o PT, partido que está anos-luz da possibilidade de ser um amontoado de monges.
Encarando a verdade
Os políticos brasileiros precisam deixar de lado o falso moralismo e a hipocrisia, porque os custos de qualquer campanha eleitoral superam o bom senso e remetem a inevitáveis casos de corrupção. E não há na política nacional quem desconheça essa realidade.
Uma campanha presidencial com chance de vitória não sai por menos de US$ 400 milhões, que equivale a R$ 900 milhões. Ninguém despeja uma fortuna dessas em qualquer campanha por patriotismo ou caridade. Quem o faz exigirá, em algum momento, a devida contrapartida, que muitas vezes torna-se viável por meio do superfaturamento.
Há alguns mais afoitos e endinheirados que embarcam em duas campanhas, sempre as mais importantes e com chances de vitória. Não importa quem vença, a contrapartida a ser paga mais adiante será dobrada para compensar o dinheiro investido na campanha derrotada.