Hora da verdade – Ao longo dos últimos seis anos, o ucho.info não hesitou em afirmar que Denise Abreu, ex-diretora da Agência Nacional de Aviação (Anac), não poderia ser apontada como culpada pelo acidente com o Airbus da TAM, ocorrido em 17 de julho de 2007 no Aeroporto de Congonhas e que deixou um saldo de 199 mortos.
Como sabem os leitores, o nosso compromisso é com a verdade, mesmo que esta algumas vezes contrarie os anseios da sociedade. Nesse período, longo é bom lembrar, nosso posicionamento firme em relação aos fatos certamente contrariou os familiares das vítimas, mas não seria por comoção que abandonaríamos a missão de levar ao País um jornalismo de qualidade e com base na verdade dos fatos.
O desapontamento dos familiares das vítimas com o ucho.info é compreensível, principalmente porque o maior acidente da aviação brasileira não apenas continuará provocando dor e saudade, mas induz o pensamento de cada um a conjecturas das mais variadas sobre como aconteceu a tragédia. Assim age o cérebro em momento de dor quando impulsionado pela emoção.
A escolha do bode expiatório
Mesmo sendo uma voz isolada dentre os muitos veículos de comunicação, que buscaram exclusividade da informação e se apoiaram sobre o sensacionalismo barato e covarde, mantivemos a certeza de que Denise Abreu foi escolhida para assumir uma culpa que jamais lhe coube.
Quem acompanhou os bastidores do pós-acidente com a devida atenção sabe que existiu um leilão de cabeças para que a culpa fosse direcionada, livrando os verdadeiros responsáveis pela tragédia que parou e comoveu o País.
Nesse leilão, o martelo que sacramenta a arrematação sempre esteve nas mãos do governo do então presidente Lula, que depois do escândalo do Mensalão do PT fez de tudo para escapar de uma responsabilidade que lhe cabia, como ainda cabe, na condição de chefe de governo. A responsável maior pelo acidente é a Infraero, um órgão do governo federal que decide sobre as questões de infraestrutura aeroportuária.
O endereço da culpa
Se naquele fatídico dia o avião que fazia o voo JJ-3054 pousou em Congonhas, mesmo sob chuva, é porque alguém liberou a pista que acabara de passar por reformas e não tinha as condições mínimas de segurança para operações típicas de um dos mais importantes aeroportos brasileiros e que funciona como um hub da aviação nacional.
Ao final do segundo dia de audiência, na 8ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que ouviu nos dias 7 e 8 deste mês as testemunhas de acusação, a ex-diretora da Anac falou com os jornalistas e confirmou o que sempre afirmou o ucho.info. A culpa pelo acidente é, acima de tudo, da Infraero, portanto, do governo do então presidente Lula, que em momentos de extrema dificuldade costuma sair de cena para fugir da responsabilidade.
Comportamento sórdido
Pode parecer rocambolesca a afirmação de que Denise Abreu foi escolhida como “bode expiatório” para salvar o governo do PT de mais um escândalo, nesse caso covarde e altamente criminoso, mas nas coxias do poder o jogo foi sujo e rasteiro o suficiente para que isso acontecesse. É importante que o brasileiro tenha em mente que governo não tem alma e que político desconhece o que é escrúpulo quando a necessidade é maior que o caráter.
Enquanto os familiares das vítimas curavam as chagas e tentavam entender o acidente como um todo, em jogo, no paralelismo da tragédia, estavam o poder e o obtuso projeto político de Lula e do PT. Esse período conturbado e curto foi marcado por ameaças sórdidas, inclusive de quebra de empresas caso a culpa fosse arremessada sobre a escrivaninha presidencial.
De tudo o que aconteceu nos bastidores do pós-acidente, os brasileiros sabem muito pouco. A interferência pesada e constante de palacianos mudou o rumo das investigações, a ponto de alguns policiais que participavam da apuração dos fatos terem deixado o trabalho por não saber conviver com atitudes tão frias e espúrias.
Verdade a caminho
Denise Abreu, em conversa com os jornalistas, prometeu revelar a verdade em seu depoimento, que deve ocorrer até o final deste ano, no máximo no começo do próximo. Suas declarações confirmam o conteúdo de todas as reportagens e matérias deste site sobre o assunto. Assim como a ex-diretora da Anac, o ucho.info ainda não revelou tudo o que sabe, até porque para isso é preciso levar em conta alguns detalhes importantes, como o momento certo para a revelação e a questão da segurança pessoal de cada integrante do site.
Apesar da insistência, lembramos que no ucho.info não se faz jornalismo de encomenda, como também não se tergiversa diante da verdade. Por isso sempre estivemos tranquilos e confiantes nos momentos em que afirmamos que qualquer manifestação dos familiares das vítimas para cobrar providências deveria ser feita na rampa do Palácio do Planalto. Assim como o memorial em homenagem às vítimas do acidente deveria ser erguido na Praça dos Três Poderes, pois a chacina começou exatamente onde funciona o poder central.