Caso de polícia – A população do Maranhão precisa urgentemente dar um basta às cinco décadas de desmandos da família Sarney, que transformou o estado na mais pobre unidade da federação. Chefe do clã que governa o estado como se fosse uma capitania hereditária, José Sarney (PMDB), o senador caudilho, despencou no Hospital Sírio-Libanês por causa de uma combinação de pneumonia com dengue. Recorrer ao principal e mais concorrido centro médico do País para tratamento é algo normal, principalmente quando a conta é bancada com o suado dinheiro do contribuinte.
Depois de arruinar sua terra natal, Sarney elegeu-se senador pelo Amapá sem jamais ter abandonando o mando na terra do arroz de cuxá e da vinagreira. Não contente com tragédia diuturna que enfrentam os maranhenses, o ex-presidente do Congresso Nacional tem feito um rodízio do poder entre seus familiares e apaniguados. No momento, o desgoverno do Maranhão está a cargo de Roseana Sarney, que é ré em processo que tramita no Tribunal Superior Eleitoral e pode lhe ceifar o mandato.
Enquanto os integrantes da família se dividem entre festas nababescas, escândalos de corrupção e internações nos caros hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, ambos em São Paulo, os maranhenses sofrem com a degradação que se instalou na saúde pública do estado.
Em junho passado, uma jovem maranhense de dezesseis anos deu à luz na calçada de um hospital de São Luís, depois de não conseguir vaga em outro centro médico da capital. O pai da criança, William Barbosa, está revoltado e disse que só agora a família reuniu condições emocionais para denunciar o caso. “O tratamento que ela recebeu foi pior do que o dado a um cachorro”, declarou.
A mãe da garota continua sem compreender o que aconteceu à porta do hospital. “Fiquei chocada. Parir assim na porta de um hospital e passar uma vergonha dessas. Foi muito triste e poderia acontecer alguma coisa à minha filha, que poderia ter batido a cabeça”, afirmou.
O escárnio alcança seu ápice com a declaração do diretor do hospital cuja calçada foi utilizada como sala de parto. O médico considerou absolutamente normal o procedimento. Antes de dar à luz em plena rua, porque o portão do hospital estava fechado, a jovem teve atendimento recusado na Maternidade Marly Sarney. Como se não bastasse o absurdo em que se transformou o Maranhão, o caudilho ainda ousa batizar os prédios públicos com nomes de integrantes do clã. A mesma Marly Sarney, que dá nome à maternidade, está confortavelmente instalada no Sírio-Libanês à espera da recuperação do marido.
Em um país sério e com autoridades competentes e cumpridoras da lei, Sarney e seu bando já estariam contemplando de forma geometricamente distinta o nascer do astro-rei, não sem antes terem os bens arrestados em benefício da população do estado. Por outro lado, em nações onde a democracia sequer faz parte do dicionário, essa turma só seria encontrada em livros de História.