Dilma aciona ministros e convoca reunião de emergência para tentar conter a alta do dólar

Pavio aceso – Até a noite da última terça-feira (20), o governo petista de Dilma Rousseff vinha tratando a crise econômica com o conhecido desdém palaciano, mas o “day after” foi suficiente para acender a luz vermelha no Palácio do Planalto.

Na quarta-feira (21), a disparada do dólar, que alcançou a marca de R$ 2,45, obrigou o governo a convocar uma reunião de emergência do Conselho Monetário Nacional (CMN), que adotará alguma medida para conter a valorização da moeda norte-americana. Além da reunião do CMN, vários ministros foram chamados ao gabinete presidencial para discutir a crise que se instalou no mercado de câmbio, que pode levar a economia verde-loura ao precipício se nada for feito.

O pânico que toma conta dos palacianos é tamanho, que o presidente do banco Central, Alexandre Tombini, precisou cancelar uma viagem aos Estados Unidos para permanecer de prontidão em Brasília. O objetivo do governo é estabelecer uma nova tática para combater a alta do dólar, que não será completa porque em curso está um realinhamento de investidores ao redor do planeta.

Desde o começo da crise, enquanto o governo do PT disparava bravatas por todos os cantos, como se o Brasil fosse o eldorado perdido, o Federal Reserve (Fed) – o banco central norte-americano – mantém um programa de recompra de títulos da dívida dos Estados Unidos, o que promoverá o retorno de bilhões de dólares ao país.

Comitê da incompetência

Pode parecer piada, mas quando o dólar deixou claro que não estava para brincadeiras, a presidente Dilma Rousseff decidiu discutir o assunto com Gleisi Hoffmann, ainda ministra-chefe da Casa Civil, Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, e Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras. Nesse quadrado comunista do desespero, a única que se salva é Graça Foster, como gosta de ser chamada a comandante da petroleira nacional.

É no mínimo excesso de irresponsabilidade da presidente discutir a crise cambial com Gleisi e com Pimentel, que há dias vem comemorando a alta do dólar. No encontro ficou acertado que a Petrobras receberá autorização para um novo reajuste no preço dos combustíveis (gasolina e óleo diesel). Por conta da explosão da frota de automóveis, um dos legados do fugitivo Lula, a Petrobras é obrigada a importar gasolina e vender no mercado interno por preço subsidiado, como forma de não impulsionar a inflação. Há muito enfrentando uma revolução na contabilidade, a Petrobras viu a situação piorar com a disparada da moeda norte-americana.

Trio desesperado

No começo da noite de quarta-feira, o governo decidiu pela convocação de reunião de emergência do Conselho Monetário Nacional, integrado pelo ainda ministro Guido Mantega (Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central) e Mirian Belchior (Planejamento).

Aguardando com expectativa a decisão do CMN, o mercado financeiro quer saber quando o Banco Central começará a usar de vez as reservas internacionais, despejando dólares no mercado à vista como forma de conter a valorização da moeda dos EUA. Até agora, na tentativa de conter a alta da divisa ianque, o BC negociou contratos de swap cambial (venda de dólar no mercado futuro), mas que em algum momento terão de ser honrados.

O Brasil tem aproximadamente US$ 340 bilhões em reservas, mas o montante pode ser pouco se o mercado decidir apostar contra o governo de Dilma Rousseff, o que não deve ser descartado. Guido Mantega, que não tem motivos para continuar ministro, entende que ainda não é o momento adequado para lançar mão das reservas. Tombini, por sua vez, está a um passo de se convencer de que é a melhor solução. Considerando os estragos dos últimos dez anos, Dilma deve apostar suas fichas no presidente do BC.

Fantasmas à solta

O pavor que ronda o Palácio do Planalto tem pelo menos um binômio como explicação: o pessimismo do mercado internacional em relação à economia brasileira e a necessidade crescente das empresas nacionais de buscarem proteção contra uma disparada do câmbio.

Faltando apenas quatro meses para encerrar o ano, o governo espera uma reviravolta na economia a partir de setembro, o que permitiria à presidente Dilma sonhar com a reeleição, sem direito a pesadelos ao longo do percurso. Acontece que o Palácio do Planalto acredita que os leilões para concessão de setores da infraestrutura são as tábuas de salvação. No contraponto, é forte a desconfiança dos investidores internacionais em relação a um governo cada vez mais à esquerda, intervencionista e que limita os percentuais de ganho.

Como se não bastasse o tardio despertar do governo, que fez da incompetência a canção de ninar à beira do berço esplêndido, o País enfrenta uma curva decrescente na geração de empregos. Eis a última peça que faltava para completar o quebra-cabeça do caos. Com a queda na geração de empregos, os passos seguintes são o encolhimento do consumo e a imediata redução da arrecadação tributária.

Resumindo, o Partido dos Trabalhadores, que chegou ao poder central como a derradeira salvação da humanidade, conseguiu o impossível: destruir em apenas uma década a economia de um país que até recentemente era considerado emergente, mas que agora submerge na crise.