Especialista no milagre da multiplicação, Renan Calheiros compra casa de R$ 2 milhões

Dinheiro em árvore – Depois das vacas douradas, que serviram para justificar o custeio da farra com a jornalista Mônica Veloso e mais valiosas que as congêneres sagradas da Índia, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) mostra ao País que também é especialista no milagre da multiplicação.

Há três meses, o presidente do Senado Federal comprou uma casa em Brasília pela bagatela de R$ 2 milhões, apesar de o imóvel estar avaliado em pelo menos 50% a mais do que o valor informado na escritura.

Sem ter renda oficial para adquirir um patrimônio desse montante, Renan justificou que firmou um contrato particular com o vendedor, no qual se compromete a pagar cinco parcelas semestrais no valor de R$ 152 mil, além do sinal de R$ 240 mil. A diferença – R$ 1 milhão – foi financiada pela sempre bondosa Caixa Econômica Federal, a quem o senador alagoano informou renda mensal de R$ 51.723,00, enquanto o salário bruto de senador é de R$ 26,5 mil.

Que Renan Calheiros é um político ousado e abusado todos sabem, mas os brasileiros desconheciam o fato de que o senador faz uso diário de doses de óleo de peroba na face, como forma de evitar as consequências do tempo seco que predomina na capital dos brasileiros.

O milagre da multiplicação fica claro na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, em 2010, em que Renan informa que seu patrimônio é de R$ 2,1 milhões, composto por um apartamento e uma casa em Alagoas, uma caminhonete e quotas da Sociedade Agropecuária Alagoas, de propriedade da família. O saldo em contas correntes, à época da declaração entregue ao TSE, era de R$ 3,3 mil.

O mais novo escárnio que brita nessa barafunda chamada Brasil confirma o que há anos o ucho.info noticia de forma insistente. A política é um negócio milionário e exclusivo de poucos. Chegar à presidência do Senado, e por consequência do Congresso Nacional, exige não apenas articulação política, mas dinheiro de sobra para investir na campanha, mesmo que aparentemente modesta.

Uma candidatura ao Senado Federal não sai por menos de R$ 30 milhões, mas dependendo da astúcia do eleito pode render fortunas. O que explica a forma aparentemente pacífica como foi resolvido o escândalo Mônica Veloso no seio da família Calheiros.

Para que o leitor consiga avaliar a rentabilidade da cornucópia em que se transformou a política nacional, a retirada de um simples requerimento de audiência pública, protocolado em alguma Comissão permanente do Senado ou da Câmara, pode custar milhões de reais, dependendo de quem apresentou e da extensão do telhado de vidro do interessado.

Como exemplo, citamos o caso ocorrido durante a tramitação do projeto do Novo Código Civil, já em vigor. Em determinado artigo, a mudança de um “E” por um “OU” custou a bagatela de R$ 3 milhões, em valores da época. Com essa mudança, quem pagou continua faturando milhares de vezes mais do que o valor desembolsado.