Renan Calheiros e Garibaldi Alves ignoram o óbvio, atropelam a lógica e zombam do povo brasileiro

É bom reagir – O Brasil foi às ruas, cobrou mudanças no Estado e na forma de se fazer política, mas depois mergulhou em silêncio inexplicável, como se tudo estivesse resolvido em um país que ainda desconhece o real significado de democracia.

Política, como se sabe, é a arte da incoerência, mas alguns de seus protagonistas são abusados, por que não afirmar que são descarados. Presidente do Senado Federal, o peemedebista alagoano Renan Calheiros (à esquerda na foto), senhor das mais sacras e valiosas vacas do planeta, ousou dizer que a decisão da Câmara dos Deputados de não cassar o mandato de Natan Donadon, condenado à prisão por roubo do dinheiro público, não manchará a imagem do Congresso Nacional.

Estapafúrdia, a declaração de Renan serve para dar mais sustentação à cortina de fumaça que se formou a partir do vexame que teve lugar no plenário da Câmara, na noite da última quarta-feira (28). Como afirmou o ucho.info, a decisão da Câmara em relação da Donadon não nos assusta, pois é bandido o cotidiano da política brasileira. Só mesmo um inconsequente como Renan Calheiros é capaz de fazer tal declaração, sabendo que o próprio telhado não suporta uma leve chuva de granizo.

Como se fosse pouco, o senador licenciado e ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, um peemedebista potiguar, disse que não se arrepende de ter utilizado um jato a Força Aérea Brasileira para ir ao Rio de Janeiro, onde assistiu à final da Copa das Confederações, no descaracterizado Estádio Mário Filho, o Maracanã. Não contente, Garibaldi Alves disse que não gostou das críticas que lhe foram dedicadas pela opinião pública, indignada com mais um escárnio que brota da política nacional.

O brasileiro precisa compreender que não se faz um país com manifestações e cobranças com data e hora marcada, muito menos uma vez a cada dois ou três anos. É preciso uma participação mais incisiva da sociedade no cotidiano da nação, sob pena de o Brasil em breve se transformar em um terreno fértil para uma ditadura civil, a exemplo da que vem corroendo a vizinha e decadente Venezuela.