IPC-S anula discurso ufanista do governo e mostra que controle da inflação é conversa fiada

Fora do tom – Em muitos dos seus discursos que distorcem a realidade ou tornam com verdadeiros e perenes fatos pontuais, a presidente Dilma Vana Rousseff afirmou recentemente, em tom de comemoração, que a inflação está sob controle e caminhando na direção do centro da meta fixado pelo governo, que é de 4,5%.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apresentou na primeira semana de setembro elevação, na comparação com a última semana de agosto. Segundo a instituição, apenas duas das capitais pesquisadas apresentaram recuo no índice.

Com base na pesquisa da FGV, cujos resultados foram divulgados nesta terça-feira (10), Salvador foi a capital que apresentou maior acréscimo no IPC-S, de 0,18 ponto percentual, com destaque para os grupos saúde e cuidados pessoais e alimentação. O IPC-S da capital baiana passou de -0,26% para -0,08%, o menor entre as cidades pesquisadas.

Na sequência aparecem Brasília (+0,15 pp), Belo Horizonte (+0,12 pp) e Recife (+0,07 pp), que também apresentaram variação maior que a média nacional – 0,05 ponto percentual. Já São Paulo teve crescimento igual ao do País, com taxa de 0,10%, a segunda menor entre as capitais. Com exceção de Brasília, todas tiveram, entre os principais aumentos, o grupo alimentação.

As duas capitais em que o IPC-S é mais alto foram as que apresentaram queda no índice: Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na capital gaúcha, o IPC-S recuou -0,04 ponto percentual, de 0,56% para 0,52%. No Rio, a retração foi de 0,01 ponto percentual, levando a taxa a 0,40%.

O problema torna-se ainda maior e mais preocupante quando considerada a inflação real, aquela que o cidadão tem de enfrentar a todo o instante e que já ultrapassa a casa de 20% ao ano. Por mais que o governo tente maquiar o cadáver, a realidade não ficará escondida durante todo o tempo.

Não se pode esquecer que no cálculo da inflação oficial leva-se em conta alguns preços subsidiados pelo Estado, como combustível, energia e transporte público. Quando essa benesse acabar, até porque não pode ser eterna, a dura realidade virá à tona.