Mezzo a mezzo

(*) Carlos Brickmann –

Hoje é dia de briga: seja qual for a decisão do ministro Celso de Mello, de aceitar ou não os tais embargos infringentes, que levariam o julgamento do Mensalão a se prolongar ainda mais, o lado perdedor vai espernear como se seu time tivesse sido prejudicado numa final de campeonato. O ambiente político está envenenado. Quem discorda não se limita a discordar, passa direto aos ataques pessoais, às motivações ocultas, às insinuações e acusações. A honra que se dane.

O fato é que cinco ministros votaram a favor, cinco contra, só falta um voto. Isso significa que o tema é altamente controvertido. Este colunista não entende nada de Direito, mas leu opiniões de juristas reputados defendendo ora uma, ora outra tese. A decisão refletirá a divisão do entendimento jurídico sobre o tema.

Mas a repercussão política do voto de hoje nada terá a ver com a questão jurídica. Se os embargos infringentes forem rejeitados, isso será visto como derrota do PT; se aceitos, como vitória dos mensaleiros e a comprovação de que réus poderosos são mais iguais que os outros. Aceitar os embargos infringentes não significa que os condenados serão absolvidos, nem que as penas serão reduzidas; mas significa que o julgamento vai demorar muito mais tempo – talvez suficiente para que ministros como Celso de Mello, que deu votos duros contra a condenação, se aposentem, e em seu lugar outros mais compreensivos se apresentem.

O Mensalão já não é o maior problema. O maior problema é recuperar a civilidade no debate jurídico e político, o respeito aos derrotados e aos vitoriosos.

Apimentando

O jornal O Estado de S.Paulo ouviu de dois amigos de infância do ministro Celso de Mello a certeza de que ele está para se aposentar e retornar a sua cidade natal, Tatuí. José Erasmo Peixoto, cirurgião-dentista, diz que o amigo já mencionou sua vontade de aposentar-se antes da data compulsória, 2015, após 43 anos de serviço público. Outro, o advogado José Rubens do Amaral Lincoln, já está até preparando o escritório que Celso de Mello ocupará em Tatuí. Diz ter absoluta certeza de que o ministro se aposenta em 2013.

Faltam no máximo três meses.

Os homens das leis

Informação do jornalista Rogério Mendelski, da rádio Guaíba, de Porto Alegre (www.rogeriomendelski.com.br): “Levantamento feito na Câmara dos Deputados aponta que cem parlamentares respondem a processos que tramitam no STF. As acusações contra os deputados alcançam aproximadamente 35 tipos de crime (peculato, apropriação indébita trabalho escravo, corrupção passiva e ativa, estelionato, crime contra o sistema financeiro e a ordem tributária, coação, lesões corporais, crime contra a liberdade pessoal e até homicídio qualificado, etc.)”

O destino do dinheiro

São José dos Campos, SP, tem pouco menos de 650 mil habitantes – cerca de 0,3% da população do Brasil. Mas, conforme apurou o jornalista Max Ramon, editor de O Valeparaibano, um grupo privado educacional da cidade recebeu do Governo Federal quase 10% das verbas disponíveis para todo o país destinadas a cursos profissionalizantes do Sisutec (Sistema de Seleção da Educação Profissional e Tecnológica).

Três coincidências: o Governo Federal é do PT; a Prefeitura de São José dos Campos é do PT; o grupo Cetec Educacional, destinatário das verbas, R$ 112 milhões até o ano que vem, é de um empresário filiado ao PT, Thiago Rodrigues Pegas. O empresário garante que sua ligação com o PT e o prefeito petista Carlinhos de Almeida nada tiveram a ver com a contemplação.

A origem do dinheiro

O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira escreve o roteiro; o jornalista e escritor Fernando Morais será o narrador. O assunto, o Mensalão – a favor dos réus, claro. É o terceiro filme a ser planejado sobre o tema (quem saiu na frente foi Luiz Carlos Barreto, também produtor de Lula, o filho do Brasil).

Agora, a pergunta: de onde sai o dinheiro para fazer todos esses filmes? Serão feitos via Lei Rouanet? Dinheiro de renúncia fiscal usado com objetivos políticos?

Combater por dentro

Qual a semelhança política entre os irmãos Cid e Ciro Gomes, do PSB, e José Serra, do PSDB? Existe, e muita: Cid e Ciro Gomes apoiam a reeleição de Dilma Rousseff e são contrários à candidatura do presidente de seu partido, Eduardo Gomes, à Presidência da República; José Serra apoia a candidatura de José Serra e, principalmente, se opõe a Aécio Neves, que deve disputar a Presidência pelo seu PSDB.

A semelhança está aí: o principal objetivo de Cid e Ciro, no PSB, e Serra, no PSDB, é atrapalhar a vida do candidato do partido. Serra prefere qualquer um a Aécio (que o apoiou, mas sem se empenhar, nas eleições de 2002 e 2010). Cid e Ciro querem Dilma; mas, se não for possível, qualquer outro que não seja Eduardo Campos, com quem pretendem disputar o controle do PSB.

Retrato de hoje

O lançamento do Iphone 5S, que substitui a senha pela impressão digital do proprietário, provocou um debate macabro nos Estados Unidos: a possibilidade de criminosos cortarem o dedo do proprietário quando roubarem seu Iphone.

A Apple tranquilizou os clientes: só o dedo pulsante, vivo, aciona o aparelho.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.