Cortina de fumaça – Vencida a temporada de vazamento direcionado de documentos sobre a possível formação de cartel para o fornecimento de material metroferroviário para o governo paulista, o Metrô de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (19) que abriu processo administrativo para declarar a Siemens inidônea, o que, se confirmado, impedirá a empresa alemã de firmar contratos com o mais importante estão da federação.
O caso veio à tona na esteira de operação comandada pelo Cade, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, como parte da campanha do PT para abrir caminho para a tomada de assalto do estado de São Paulo, “sonho de consumo” de nove entre dez petistas.
De acordo com o secretário estadual de Transportes, Jurandir Fernandes, o processo aberto pelo Metrô deve ser concluído em trinta dias, mas não há prazo para o anúncio do resultado, pois a Siemens poderá recorrer da decisão nas esferas administrativa e judicial.
A medida é válida até certo ponto, mas é preciso que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cobre a conclusão da auditoria externa, foi anunciada com alarde, e revele os resultados ao povo paulista, apontando e punindo, se for o caso, os responsáveis pelo imbróglio. De nada adianta adotar estratagemas subsequentes para distrair a opinião pública.
Por outro lado, será um equívoco declarar isoladamente a inidoneidade da Siemens, pois um cartel não se faz com apenas uma empresa. Para que prevaleça a isonomia de tratamento, as outras participantes do cartel também devem receber punição idêntica, sob pena de não o fazendo dar caráter meramente político ao problema.
Contudo, no ar fica pelo menos uma questão: se as integrantes do cartel forem punidas igualmente, sendo declaradas inidôneas, como ficará a expansão das redes ferroviária e metroviária da maior metrópole brasileira? Nesse caso, o melhor a se fazer é avançar nas investigações, sem privilégios, condenando civil e criminalmente os culpados. Essa manobra está com forte cheiro de fumaça!