De: Ucho Haddad – Para: Dilma Rousseff – Assunto: Dentifrício, cocada e senso de noção

    (*) Ucho Haddad –

    Dilma, recentemente, em uma dos colóquios redacionais, classifiquei o seu governo como esquizofrênico, até porque você e seus assessores adoram inventar um novo inimigo a cada instante para justificar a incompetência que é a marca registrada de nove entre dez “companheiros”. Os dias passaram, as besteiras oficiais se acumularam e não tive outra escolha que não a de concluir que o seu governo é uma cachoeira de desvarios. Com a devida licença de um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país” a cretinice foi tão homenageada. E você é a hostess dessa festa ignara.

    Soberba, você sequer sabe o significado de dentifrício. Depois de tantas bobagens, você, lá na Rússia do camarada Putin, conseguiu fazer os brasileiros rirem. O que mostra que a Dilma não é um caso totalmente perdido. Em um dos seus momentos de Aladim de saias, ao tentar explicar o caso das denúncias de espionagem cibernética ianque, você disse que Barack Obama não teria como justificar o assunto, porque a situação era semelhante à pasta de dente que sai do dentifrício e que a ele não retorna. Confesso que custei a acreditar em tamanha bobagem discursiva, mas você, Dilma, me ajudou a descobrir que Antonio Rogério Magri é um dos maiores gênios da humanidade.

    Não sei se lhe avisaram na infância, Dilma, mas dentifrício e pasta de dente são sinônimos. Algo como petista e incompetência, política e corrupção. Considerando que ao ler esse texto você corre o risco de fazer aquela cara do Pateta (o da Disney), desço aos detalhes para que não me acusem de discriminação, sempre lembrando que diariamente agarro-me a uma frase do meu saudoso pai: “Quando o sujeito é burro, peça a Deus que o mate e o diabo que o carregue”. Longe de ser devoto do radicalismo, apesar de a cretinice me irritar profundamente, lembro que dentifrício está para pasta de dente, assim como apagão está para blecaute. Mesmo sabendo que na sua espetacular opinião um apagão é coisa de tucano, enquanto blecaute é arte de petista. Mas isso é um mero detalhe que a cretinice palaciana explica com muita facilidade.

    O mais bizarro, Dilma, é imaginar a pasta de dente saindo do dentifrício. Na seara da Física isso é inimaginável, mas não deve demorar muito para algum amestrado do seu partido, que recebe só para bater palma para maluco dançar, indicar o seu nome para algum dos tantos prêmios Nobel. Até porque, se Lula tornou-se doutor honoris causa por destruir a economia verde-loura, você deve ser condecorada por ter descoberto que a pasta de dente é a alma do dentifrício que vaga por aí. Só não deixe o seu neto assistir ao vídeo em que você explica como a pasta de dente conseguiu desencarnar e abandonar o dentifrício, pois ele terá a certeza de que a avó enfrenta problemas com o “Tico” e o “Teco”.

    Dilma, os dias passam e, confesso, aumenta a minha admiração por você. Afinal, esconder a própria incompetência é tarefa para poucos. E nesse quesito, o de esconder a magistral incompetência, você é deveras competente. Não adianta sair vociferando impropérios pelos corredores, porque esse tipo de comportamento não combina com uma governante que acredita ser a última cocada do tabuleiro da baiana. Aliás, você está mais para tabuleiro do que para cocada.

    Quer dizer que a Assembleia-Geral da ONU era o lugar adequado para discutir as denúncias de espionagem? Você se preocupou em levar a Nova York algum documento para provar essa aludida espionagem? Ou o script palaciano, redigido pelo seu marqueteiro, usou como base apenas as revelações de Edward Snowden? Dilma, só mesmo um oportunista é capaz de transformar fuxico de poderosos em maior verdade planetária. O seu discurso foi uma piada de péssimo gosto, que serviu apenas para levar ao orgasmo ideológico um bando de esquerdistas radicais que odeiam os Estados Unidos, mas juntam caraminguás para ver os filhos se divertindo na Disney World. Coisas que a incoerência por certo explica.

    Assim como no caso da pasta de dente e do dentifrício, alguém da sua família, Dilma, não lhe avisou, ainda na infância, sobre a ordem de importância de fatos e coisas. O mundo tenta encontrar uma solução para a carnificina comandada pelo ditador sírio Bashar al-Assad, que de forma covarde usa armas contra os rebeldes sírios, mas você entende que a suposta espionagem feita pelos EUA é mais importante. O planeta não dorme de preocupação por causa da possibilidade cada vez maior de o Irã avançar no desenvolvimento de uma bomba atômica, assunto que tem a colaboração do seu governo, mas você acredita ser mais importante falar sobre uma espionagem que até agora não foi provada.

    Sabe, Dilma, não estou a defender a Casa Branca e seus desmandos, mas apontar o indicador na direção de alguém exige competência e certeza, ingredientes que você não tem. O máximo que você conseguiu no episódio da espionagem foi fazer o papel de ponta de lança do détraqué esquerdismo planetário, cujo objetivo é emparedar politicamente Barack Obama. Aliás, Dilma, papel de fantoche é algo que você desempenha com destreza e afinco invejáveis.

    Há muito percebi que você não mede o que fala e muito menos considera as consequências das próprias palavras. Fazer da denúncia de espionagem o eixo principal do discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU é assinar atestado de incompetência. Da tribuna da ONU ficou patente que vocês, petistas, a derradeira tábua de salvação do universo, governam o Brasil como se fosse um boteco de esquina. Bastando apenas levantar a porta de aço, colocando sobre o balcão um copo de aguardente e um pires cheio de tremoços. Então, a partir de agora, o Brasil tomará todas as providências para evitar espionagens. Será que o seu magnânimo governo não está atrasado uns 500 anos? Pense nisso!

    O absurdo, Dilma, fica por conta do seu discurso sobre soberania. O absurdo torna-se ainda maior quando suas palavras recebem o apoio da presidente argentina e dublê de viúva alegre Cristina de Kirchner. Você e a “cumpanhera” Cristina não têm moral para falar em soberania, nem mesmo se encostarem o umbigo no balcão do boteco chamado Brasil. Você, Dilma, porque liderou a ideia de dar um golpe no Paraguai, só porque os políticos locais cumpriram a Constituição e despejaram o padreco Fernando Lugo do poder. O papel de Cristina de Kirchner nesse jogral sobre soberania é mais ridículo, pois a inquilina da Casa Rosada sempre cumpriu as ordens de Hugo Chávez, o finado. Fora isso, Dilma, você endossou a decisão do fugitivo Lula de interferir nos assuntos de Honduras, fazendo de tudo para que o golpista Manuel Zelaya pudesse retornar ao poder. Mesmo assim você condena a violação de soberania. É isso ou ouvi demais?

    Como se não bastasse o devaneio, você ousou condenar a violação de dados como se o seu partido fosse um reduto de monges. Dilma, você já ouviu falar, pelo menos uma vez, no Francenildo Costa, o caseiro Nildo? Ele teve os dados bancários violados por integrantes do seu partido, porque a ordem era salvar o companheiro Palocci de grave denúncia de corrupção. Sabe o que aconteceu com os violadores do sigilo do Nildo? Nada, como sempre nada! Durante a campanha rumo ao Palácio do Planalto, seus assessores violaram o sigilo fiscal de adversários e pessoas a eles ligadas, mas isso não é crime, pois petistas são os oráculos terrenos do Senhor e jamais transgridem.

    É no mínimo hilário ver você pegando carona na denúncia de que o Tio Sam escutou seus telefonemas. Se isso de fato aconteceu, por certo ajudou empresários norte-americanos a não participarem do leilão do Campo de Libra. Dilma, nenhum petista tem moral para condenar grampo telefônico. Não é a primeira vez que relato, mas o meu telefone foi grampeado e uma das minhas conversas gravadas. Sem nada de ilegal, a conversa serviu para um dos seus companheiros da elite petista acionar um dos seus muitos capatazes criminosos, que intimidou um integrante do Judiciário, não sem antes informá-lo de que eu morreria. O sujeito é de tal forma covarde, que continuo vivo.

    O ápice do fiasco em que se transformou o discurso na ONU surgiu quando você falou em violação dos direitos humanos. Dilma, o seu ídolo Fidel Castro encarcera os adversários e você se cala. Um dos seus braços direitos no governo, a ainda ministra Gleisi Hoffmann, leva um pedófilo para a Casa Civil e você sequer pronunciou um apalavra contra esse delinquente sexual. E ainda tem coragem de falar em direitos humanos? Sabe, Dilma, uma coisa é ser abusada, outra é ter face lenhosa. E confesso que num “amigo secreto” eu lhe presentearia com um vidro de óleo de peroba.

    Em suma, Dilma, sem tomar o seu tempo, pois afinal você precisa comemorar o sucesso (sic) do discurso com a horda esquerdista, sinto informar que o que lhe falta é “senso de noção”. Você, em lampejo de genialidade, pode dizer que se trata de uma redundância gramatical, mas para gênios que conseguem enxergar a pasta de dente saindo do dentifrício ou, então, acreditam que apagão não é a mesma coisa que blecaute, o “senso de noção” é luva feita sob medida e com a mais fina e macia de todas as pelicas. E se a tradutora contratada pelos palacianos não conseguir traduzir fielmente suas palavras, não largue-a no meio do caminho, em um aeroporto qualquer, pois é preciso pensar no alívio que a moça proporcionou ao universo, já que o seu besteirol há muito ultrapassou as fronteiras do insuportável.

    (*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.