Muito estranho – A cada novo dia que surge fica comprovado que a Justiça não se importa como a opinião pública, como destacou o novato ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, condoído pelas sentenças condenatórias impostas aos mensaleiros.
Fosse pouco a decisão do STF de conceder o direito de novo julgamento a uma dúzia de protagonistas do maior escândalo de corrupção da história nacional, o Tribunal Superior Eleitoral entendeu por bem deferir a criação de dois novos partidos, como se os trinta existentes até então não bastassem.
Na esteira dos rapapés jurídicos que tomaram a cena no plenário do TSE, duas novas legendas estão aptas a confundir o eleitor: o Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social.
Criado pelo ainda pedetista Paulo Pereira da Silva, o Solidariedade desde a criação já mostrou que ser solidário não é o seu forte. Os ministros do TSE, com a conhecida pompa e circunstância que marcam as sessões do Judiciário, entenderam ser impossível questionar a fé pública dos cartorários que validaram as assinaturas necessárias para a criação da legenda, apesar das denúncias de fraude.
Para que o leitor compreenda a extensão do absurdo, em determinada cidade o oficial do cartório local encontrou seu nome e assinatura, devidamente falsificada, na lista dos que apoiam a criação do Solidariedade, que nem de longe se parece com o homônimo polonês fundado por Lech Walesa, começando pelos escândalos dos que ancoram a legenda brasileira. O cartorário denunciou o fato à Justiça, mas esta resolveu dar seguimento ao processo de criação do novo partido.
Se a mais alta instância da Justiça Eleitoral não tem a prerrogativa de questionar a autenticidade de uma assinatura, apenas porque não é de bom alvitre duvidar da fé pública de um cartorário, que a Justiça extinga a sua corregedoria. Aproveitando o ensejo, o ucho.info sugere que a Justiça Eleitoral deixe de decidir sobre a criação de novos partidos, algo que poderá ser facilmente resolvido em qualquer boteco de esquina.
Soa com estranheza a decisão tomada pelo TSE na noite de quarta-feira (24) em favor dos novos partidos, pois se as assinaturas fraudadas utilizadas pelo Solidariedade não são passiveis de questionamento, configura excesso de zelo exigir que as assinaturas apresentadas pelo Rede Sustentabilidade, o novo partido de Marina Silva, sejam conferidas às minúcias.
Fato é que alguém no Tribunal Superior Eleitoral pode estar sofrendo pressão, por parte dos atuais donos do poder, para impedir a criação do “Rede”, uma vez que por enquanto a ex-senadora Marina Silva é a maior ameaça à reeleição de Dilma Rousseff, a gerentona inoperante que se especializou em mitomania.