No Maranhão de Sarney e Chiquinho Escórcio, banditismo político é o mais novo produto de exportação

Baderna no Calhau – Capitania hereditária comandada pelo grupo liderado por José Sarney, o Maranhão agora tem um novo produto de exportação. Fossem poucos os desmandos do caudilho que transformou o estado no território mais miserável da federação, o Maranhão agora exporta para a política nacional o “banditismo político”. Pode parecer para muitos uma figura de linguagem, mas é exatamente isso que acontece.

Capataz de luxo de José Sarney, a quem obedece de maneira obediente e vexatória, o deputado federal Francisco Escórcio (PMDB-MA), conhecido como Chiquinho de Sarney, abusou da ousadia e contratou para o seu gabinete de apoio, em São Luís, Aldenir Santana Neves, ex-prefeito da cidade maranhense de Urbano Santos e um dos seus apaniguados. Servidor da Polícia Federal, Aldenir foi preso duas vezes pela própria PF, uma delas enquanto prefeito. A segunda prisão ocorreu na época em que Aldenir Neves era secretário municipal de Gestão.

Licenciado da PF, Aldenir comandou a prefeitura de Urbano Santos entre 2005 e 2008, período em que seu meteórico enriquecimento chamou a atenção dos colegas de corporação. Alvo da Operação Rapina, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público, Aldenir Neves foi preso juntamente com dez outros prefeitos, do Maranhão e do Piauí, especializados no milagre da multiplicação.

Mas a epopeia sobre a rapinagem do agora assessor do prepotente Chiquinho Escórcio não para por aí. Em 18 de abril passado, Aldenir foi novamente levado à Superintendência da PF, desta vez por causa de denúncia formulada pelo Ministério Público Federal, que o acusa de não repassar ao INSS verba previdenciária descontada do salário dos servidores municipais durante o período em que era prefeito. Tipificação criminal explicitada no Código Penal como apropriação indébita, que no caso em questão concede ao acusado o privilégio de contemplar o nascer do astro-rei de forma geometricamente distinta.

Ao que parece, escândalo é a predileção de Aldenir, que teve rejeitadas as contas da sua gestão como prefeito, sendo condenado pelo Tribunal de Contas do Estado a devolver a bagatela de R$ 11,4 milhões aos cofres públicos.

Chiquinho Escórcio, que nas últimas décadas especializou-se em adular Sarney e sua horda, tenta justificar a contratação. “Eu só requisitei o Aldenir. Ele é um funcionário da Polícia Federal e se ele presta para a polícia, ele presta para mim”, declarou Escórcio ao ser questionado sobre o assessor. “Não há nenhuma condenação, foi uma perseguição política e ele tem amplo direito a se defender”, completou.

Depois de conviver anos a fio com o staff do grupo político que covardemente implantou no Maranhão um apartheid brasileiro, Chiquinho Escórcio por certo perdeu a referência da legalidade. Pelo que se sabe, não há, até então, qualquer manifestação da Polícia Federal a favor de Aldenir Santana Neves, que foi investigado e preso não porque estava vendendo incenso nas esquinas de São Luís, mas, sim, porque surrupiou dinheiro dos servidores municipais.

Não é novidade para os brasileiros que no Maranhão tudo está sob o domínio da família Sarney, inclusive a Justiça. Se o ex-prefeito e agora assessor foi preso e responde a ações judiciais, por certo não se trata de perseguição política, mais uma conversa fiada de Escórcio, que tenta justificar o injustificável. Ou será que o grupo do caudilho já enfrenta uma intifada no próprio quintal?