Tragédia que se repete – Com o balanço do final desta quinta-feira (3) sobre o naufrágio ocorrido próximo à Ilha de Lampedusa, no sul da Sicilia, pelo menos 130 passageiros morreram no acidente com um barco com cerca de 500 imigrantes ilegais africanos. Entre os mortos estão crianças e mulheres, informou a agência de notícias Ansa. A embarcação pegou fogo e virou diante da vizinha Ilha dos Coelhos.
A governadora da Ilha de Lampedusa, Giusi Nicolini, adiantou que a contagem de mortos poderá aumentar, já que “o mar está cheio de corpos”. Cerca de 220 passageiros ainda estão desaparecidos. Ela acrescentou que a polícia deteve, entre os sobreviventes, uma pessoa que se presume ser o traficante responsável pela embarcação.
A agência de saúde de Palermo, que coordena a assistência aos imigrantes resgatados, adiantou que pelo menos 150 estão a salvo, entre eles, dezenas de crianças, algumas com poucos meses, e várias mulheres grávidas.
Em sua maioria, os imigrantes vinham da Eritreia e Somália, segundo informações próprias, e partiram provavelmente da Líbia em direção a Lampedusa. De acordo com Nicolini, os próprios imigrantes teriam feito uma fogueira no deque do navio, a fim de chamar a atenção das autoridades para sua situação. Contudo o fogo se espalhou, provocando pânico entre os passageiros, e o navio afundou.
Quatro barcos da guarda costeira e da polícia e dois helicópteros estão à procura de sobreviventes. Todos os anos, milhares de refugiados tentam chegar à Itália, partindo do continente africano em barcos superlotados. A maioria aporta em Lampedusa, localizada a cerca de 110 quilômetros da costa da Tunísia. A população da ilha de 380 hectares, é de aproximadamente 6 mil. O número dos imigrantes ultrapassa várias vezes o dos habitantes regulares.
Mais proteção a direitos de refugiados
Segundo a agência de notícias Lusa, durante a noite outro barco já chegara à ilha, trazendo 463 imigrantes sem documentos. Eles foram transferidos para o centro de acolhimento de Lampedusa, que na quarta-feira já havia atingido sua capacidade máxima de acolhimento, de 700 pessoas.
Trata-se do segundo naufrágio com imigrantes ilegais em menos de uma semana. Em 30 de setembro, 13 imigrantes morreram ao serem obrigados pelos traficantes a saltarem do barco em que viajavam, apesar do mar revolto e de não saberem nadar.
O grupo de 200 refugiados foi obrigado a atirar-se ao mar a poucos metros da praia do Pisciotto na localidade de Scicli, na província siciliana de Ragusa. Em 10 de agosto, outros seis imigrantes morreram ao tentar alcançar a nado a costa da Sicília, depois de seu barco, com cerca de cem passageiros da Síria e do Egito, ter encalhado.
Após mais um drama de refugiados na costa italiana, a comissária europeia de Assuntos Internos, Cecilia Malmström, exigiu da União Europeia mais esforços conjuntos em relação à política de imigração. “Temos que duplicar nossos esforços na luta contra os atravessadores, que exploram o desespero humano”, informou Malmström nesta quinta-feira, através do Twitter.
A comissária europeia exigiu uma melhor proteção para os direitos dos imigrantes e mais possibilidades legais para refugiados que querem vir para a Europa. (Com agências internacionais)