Eduardo Campos comete o primeiro tropeço de campanha ao falar em “socialismo moderno”

Fora do tom – Desde o último sábado (5), o noticiário nacional tem dedicado largo espaço a Eduardo Campos e Marina Silva, protagonistas de um acordo político-partidário que uniu o PSB, do governador pernambucano, e o Rede Sustentabilidade da ex-senadora e ex-ministra, legenda que existe de fato, não de direito.

Muito se falou sobre essa união visando às eleições de 2014 e os efeitos em outras candidaturas, mas é preciso estar atento ao desempenho de Eduardo Campos, que a partir de agora não tem como desconversar sobre sua participação na corrida ao Palácio do Planalto. Ou seja, o presidente nacional do PSB é candidato à presidência e está em deliberada campanha.

Campos, em entrevista à rádio Jovem Pan, na manhã desta quarta-feira (9), cometeu o primeiro tropeço como candidato. No cenário eleitoral que está à mostra, mesmo que oficioso, um erro pode significar reforço extra à campanha adversária. Considerando que no jogo também está o ex-presidente e lobista Lula, que não tem escrúpulos quando deseja alcançar seus objetivos, todo cuidado é pouco.

Perguntado sobre a possibilidade de o PSB fazer novos acordos políticos para aumentar o tempo de televisão do partido, o governador-candidato foi na contramão da lógica e disparou: “Não adianta ter tempo de televisão e não ter o que falar”. Para quem sonha em chegar ao mais alto cargo do País, Eduardo Campos começou errando, pois é sabido que o sucesso de uma campanha política no Brasil depende, sim, do tempo de televisão.

O segundo equívoco do dia, que na avaliação do ucho.info é o mais grave, foi a declaração de que a bandeira do PSB é o “socialismo moderno”. Instado a explicar suas palavras, Campos disse que o socialismo moderno não recorre às armas e aceita a discordância.

É importante lembrar que entre o “socialismo moderno” defendido por Eduardo Campos e o “socialismo do século XXI” propagado pelo finado tiranete Hugo Chávez não existe qualquer diferença conceitual. Por certo o governador de Pernambuco fez tal declaração com o objetivo de conquistar o maior número possível de eleitores de Marina Silva, mas não se pode esquecer que de balela o povo brasileiro já está cansado.

Qualquer governante que chegar ao poder central do País deve ater-se a apenas um binômio: preservação da democracia e o respeito ao conjunto legal vigente. Fora isso, qualquer político que comandar os destinos da nação brasileira precisa, antes de qualquer coisa, agarrar-se à necessidade crescente de se governar com base no planejamento. Administrar um país com dimensões e problemas continentais com a expertise do dono do boteco da esquina mais próxima já ficou provado que não funciona.

Ademais, no momento em que a parte descontente da população, que não é pequena, começa a defender a volta dos militares, falar em socialismo moderno é torcer para que o tiro saia pela culatra. Enfim, esses gênios da política tupiniquim certamente sabem o que fazer e falar.