A reunião transcorria dentro do esperado até que o vereador Joaquim Banha (PMDB), da cidade de Santos, pediu a palavra e destilou críticas às autoridades ambientais por causa do descaso em relação ao setor do porto onde são armazenadas cargas de fertilizantes. O porto de Santos tem áreas definidas para que os fertilizantes sejam manipulados com segurança, além de regras especificas para estocagem.
De acordo com Joaquim Banha, as autoridades sabem das irregularidades, mas preferem passar a mão na cabeça das empresas que estocam os fertilizantes em área urbana da cidade litorânea.
O tema vem à discussão poucas semanas após uma grave explosão ocorrida no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, provocada por fertilizantes. O acidente, considerado grave, produziu uma nuvem de gás tóxico que cobriu a cidade durante 60 horas e obrigou boa parte da população a deixar suas casas. Os reflexos da explosão foram de tal ordem, que a fumaça alcançou pelo menos dois outros estados: Paraná e São Paulo.
Há no porto de Santos, reduto de disputas acirradas em todos os setores, outros problemas, como grãos e graneis (açúcar, por exemplo) embarcados fora das áreas previamente a eles destinadas, o que cria uma série de consequências, começando pela corrosão.
A participação do vereador do PMDB mostra que os caciques do partido, que em passado não tão distante detinham parte do controle do porto de Santos, estão desconfortáveis com a situação e começam novamente a colocar as garras na janela.
Como mencionado, o porto de Santos é um reduto obscuro de polêmicas e quedas de braço que se bem chacoalhado pode provocar considerável abalo nas estruturas do poder local. O governo federal, responsável pelo porto, conhece os dilemas não é de hoje, mas prefere continuar no conhecido faz de conta. Até porque, o fatiamento do poder no porto paulista é uma das moedas de troca que garantem apoio ao governo.